segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O parvo

De longe ele era o cara: todo o velho charme que os caras de hoje em dia não nasceram ou não fitaram dos filmes preto e branco, sobrava em uma só pessoa. Com mais um passo à frente, percebi que era religioso pois havia um escapulário de anos, mas novo, no pescoço. Mãos secas de trabalho ou por falta de cuidado, talvez ele não tenha se relacionado ao ponto de uma garota lhe passar creme nas mãos. Não sei, foi o que havia pensado. Teria sido ideal se meus passos ficassem por alí. "Bom rapaz, direitinho, desse jeito não tem mais", já escreveu Tom Zé e até hoje, é a pura verdade. Contemplei o que seria o achado, alguém que eu teria que ter paciência e quiçá, ser o homem da relação. Nossa, eu como homem... se sendo mulher já sou cismada, imagina fazendo papel de homem? Mas como arriscar só ensina a viver, mesmo que não dê certo no fim, arrisquei. Cortejei achando que esse seria o caminho mas não foi! Dei mais dois passos e vi que não era bem assim. O bom rapaz ficou apenas na música e se fosse o caso de um "cara com cara de santo mas que pega fogo" até seria bom! Não me faria mal nenhum ser pega, literalmente, de surpresa! Custei a ver que a bondade que pairava era algo, no mínimo, estranho, confuso. Ele quis casar comigo sem ao menos me tocar! Foi confuso... O meu lado masculino ficou mais feminino do que é, quando escutei isso; uma mulher racional, sem sentimentalismo desses que ainda me faziam pensar ludicamente. Ele teria sido apenas meu amante, eu só quis saber se aquele cigarro tragado de forma old school me faria sentir o mesmo prazer que demonstrava na boca. Ele teria sido meu coroinha, pois me encantou a idéia de ensinar o lado sujo que a igreja não prega. Ele poderia ser... poderia ser mil coisas, menos sonso. Uma decepção como homem, como amigo e não sei mais. E eu sou um erro. Jamais alguém acreditaria em algo assim, ninguém aceita solidão na companhia de alguém. Ninguém aceita um cansaço quando é para se negar um beijo. Ninguém aceita escutar " fui sonso, covarde" e ainda assim, crer que tudo que aconteceu foi real. Crer que está tudo bem. Um sonso lidando com uma tola é isso, dá nisso: mais uma história cabulosa para os outros e inadimiscivel para si mesma.






Jordana Braz

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Ócio

Nunca existiu outro alguém. Talvez eu preferi que existisse alguém, mesmo que na minha mente, para não assumir o tanto que você esteve em mim. É confuso, eu sei. Ao querer te enganar, enganei a mim mesma. Quis que você ficasse por eu estar aqui, quis a sua companhia até o fim. Que apego é este que não deixa eu perceber a efemeridade da vida? Você foi um momento, meses no qual não esquecerei tão fácil, um amigo desses que queremos como um amante, mas que o amor se fez fraterno. Aliás, não disse o quão fraca sinto por sempre escutar " eu não soube te amar". Existem homens que não sabem amar ou existem mulheres que não sabem fazer serem amadas? Cansei de buscar explicações e me contento com o " não era para ser". É um ócio, é um vício, é um desespero de sentir algum sentimento que não tenha sentido. Paixão tem sentido?






Jordana Braz

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

De volta para casa

Oh! não chore! Não! calma! Não foi a primeira vez e não será a última... Eu sei! Dei mancada mais uma vez, mas fazer oquê? Sempre caio na doce ilusão de ter acertado o dedo na escolha de alguém... Ainda não dei sorte, nós sabemos, mas vamos que vamos! Humm... Eu já havia lhe prometido que não me encantaria por outro alguém... Os homens são complicados, adoram mulheres que judiam e as bonitinhas como eu, amanhecem sozinhas, provavelmente escrevendo em algum blog ou mandando um email para driblar a solidão. E como essa solidão me castigou! AHH não, não volta a sangrar coração! Seu choro é lágrima que nutre minha decepção... A culpa foi minha, mais uma vez, de ter acreditado que tudo seria diferente! Mas da próxima, não empurrarei mais com a barriga: se me sentir sozinha mesmo acompanhada, abandono sem satisfação! A gente fica com apego, xamego, achando que todos são bonzinhos demais... Eu sei, tola fui em crer que exista o homem bom. Homem bom é uma mulher agindo como eles, mulher forte acaba sozinha, minha mãe é assim e minhas amigas queridas também; porém, essas não se apegam! Só eu... ahh mas chega de xororó né? Vou te remendar coração e te voltar no meio do meu peito. Vamos seguir que ainda há um dia lindo amanhecendo!



Jordana Braz

sábado, 12 de dezembro de 2009

Descobrimento do Brasil

O samba me deixou mais feliz. Ele é a simplicidade em melodias e letras, de cotidiano tão suburbano, onde o negro meu avô é herói; a mulata minha mãe é rainha, o rapaz sem dinheiro é meu pai e a pessoa que escuta sou eu. Os solos de guitarra não sumiram da minha vida, o sax triste não abandonou minha mágoa, apenas a felicidade do samba me contagiou. Tão lindo, chegou em mim na forma de ser brasileiro; não foi como sambista de morro ou o passista da zona norte. O samba veio pra mim na forma de estudante paulistano, que não mostra no rosto a ginga que tem. No auge do meu ritmo, o samba no pé sai tímido, mulata que por anos não via na brasilidade brejeira dos cabelos crespos e no quadril bonito, motivos de orgulho. Ser brasileira era vulgar, hoje é minha alma, minha história e minha pele de canela, café e quindim. O samba me deixou mais feliz, AH! deixou sim! O ronco da cuica combina com sorriso bonito, o pandeiro e o cavaquinho combina com tudo que traz o bem estar, esteja sentado ou sambando, acompanhado ou sozinho. Seja uma mulata ou quem aprecie o samba, seja café com leite ou o tradicional cappuccino, todo brasileiro é ufanista, todo samba traz na melodia exaltação, mesmo que seja um samba-canção; o Brasil é tão lindo que me enche os olhos, o chorinho sempre acompanha os nascidos nessa terra e aflora naqueles que optam em serem brasileiros. Sinceramente, nasci brasileira e deixei de lado por muito tempo, talvez, o maior atributo nos que aqui nascem: a felicidade!





Jordana Braz

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Jazz mais Blues

Já me decepcionei tanto que cada pessoa que passo a conhecer, não crio expectativas boas. É triste mas é a verdade. Uma atenção cordial, uma gentileza que me faz tão bem, fazia aliás, é motivo para desconfiança: " Não, não existe gentileza que dure uma vida toda". Nada dura uma vida, visão pessimista que a idade traz. Visão real da vida que é tão minha. Decepção que traz mais decepção não só com as pessoas que não sou, mas com a pessoa que sou. Ora, como quero que o mundo seja gentil e confiável comigo se eu mesma não sou fiel á mim? Trago nas lembranças uma navalha que sempre que começo a recordar, me corta, me rasga. "Não deveria ter feito nada daquilo", a navalha que me corta é a culpa. Meu estado de espírito soa jazz mais blues, com gosto de vodka e na forma de cinzeiro para um cigarro que nunca acendi. Ora, como quero outro estado de espírito sendo que o hábito faz a natureza? Minha natureza tem como hábito o abandono e mesmo que um dia o hábito seja a adoção, o primeiro que adotarei será aquele que sempre deixei de lado, eu.







Jordana Braz

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Medo e sem Pedro

Seja a moça com cheiro de mexerica, a mulher que anda manca, o cara desdentado e sem dinheiro, a quarentona solteirona, aquele seu conhecido que ainda depende dos pais... Sejam eles todos os seus medos, não os tema: quanto mais medo se tem, mais o seu medo tornará você! Não tema a solidão, o fracasso, o peso na balança e o nada , quando se tem medo, tem cheiro! Vira um imã destes que não são usados como aqueles da geladeira. Quem escreveu isso aqui pode ser a pessoa mais medrosa do mundo que não quer ter concorrentes, então, quem ler esse texto, tenha como meta ser o seu oposto: a pessoa mais corajosa do mundo ou a mais corajosa do seu bairro: a vida muda do micro para o macro! Não substime ninguém ,não julgue e não se compare; essas coisas geram o medo de ser como alguém que não tem culpa de ser como é! Aliás, são o que são e isso basta! Ao pensar que o inferno são os outros não olhamos que o verdadeiro inferno está queimando dentro de nossas mentes.






Jordana Braz