terça-feira, 8 de março de 2011

Outros carnavais

Sentada sem postura, vejo a entrada da quarta-feira de cinzas e como queria eu poder espanar toda a camada grossa destas cinzas. Pulei carnaval, meu lado profano sequer mostra sinais de arrependimentos e meu lado sagrado não existe. Com os olhos entreabertos e um leve sono, sinto a madrugada gelada me tocar como se quisesse me levar até a cama e me fazer dormir. Boa quarta-feira e quisera eu espanar suas cinzas, essas de outros carnavais pois a recente tive aquele tipo de paz que é o sinônimo de liberdade. Já tive bons carnavais e os carnavais que saia para os blocos com um fio transparente chamado paixão; tola. O melhor é quando se sabe que esse fio só depende de nós mesmos para o corte. Desilusão corta tudo e os dias que sucedem são surpresas boas ou premeditadas. O mundo dá tantas voltas... e beirando o fim de noite, percebi que risada de ser ex é a risada mais gostosa que existe. É um misto de superação com vingança ou apenas a consequência, assim soa melhor e sem maldade também. Entre cochilos e bocejos, sinto que há alegria nestas cinzas, alegria de foliã, alegria de quem já amou e uma simples alegria semi-reciclável e por isso, sinto que algumas pessoas mudam mas pecam sempre pelos mesmos e já avisados pecados. Do meu bom riso mais cedo, percebo que não se pode apostar sempre no tradicional. O ato de apostar move a vida para a frente. Apostei comigo mesma se conseguiria ser melhor sem ele e consegui, consigo. Amor super bacana e moderninho já deu pra mim e não combina com minha folia. Hoje é quarta-feira de cinzas, a quaresma começa e essas tradições que não entendo seguem, colocando outra atriz no papel que já foi meu, o de mocinha sonhadora. No fim do carnaval pude rir sem vergonha de me sentir bem por perceber que já estou na frente daquela que um dia fui e que quem me fez mal lá atrás, paga com o seu próprio veneno... mas isso foi em outros já passados carnavais.





Jordana Braz