quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Caderno de caligrafia

Olhando para minha mão esquerda,
Meus olhos percebem nostalgia...
Já que a vontade de ser canhota
Ainda me acompanha, desde o primário.

Destra sou e redundante a isto devo,
Olhando para minha mão direita
E a todas as palavras que escrevo,
Consto que essa mão destra
Nunca foi amiga dos cadernos de caligrafia...

Jordana Braz

domingo, 26 de outubro de 2008

Chão de algodão

Um dia destes,
Que tem como costume ser abafado e desgastante
Resolvi andar...
Sempre andei, mas preferi usar meu velho par de sandálias.
Ainda não sei por que...

Havia me esquecido que aquelas sandálias,
Tinha como molde, meus pés.
Confortável embora velha,
A sensação foi tão boa
Que parecia estar descalça sobre algodão... um chão de algodão.

Um dia destes, ontem,
Percebi que não fui justa por inúmeras vezes
Com minhas sandálias...
Preferi novos calçados em atos de novidade,
Empolgação, paixão e coisas de momento
E as deixei, simplesmente...

Hoje sei que
Entre sandálias e sapatilhas
E entre botas e notas,
Consta em mim provas
Que arriscar pelo duvidoso sem cuidar do certo
Causa uma coisinha chamada arrependimento...


Jordana Braz

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Carta á Eleonora

Algum lugar, 21 de outubro de 2008.

Eleonora,
Você é uma moça talentosa e sabe disso,
Seus olhos pequenos meio orientais fascinam,
Assim como suas artes...
Já tive muito prazer em ser apenas seu amigo.

Hoje não sei mais... Mesmo que você se pergunte,
Não importa quantos espelhos seu quarto possue,
O que você não vê, espelho nenhum lhe mostrará.
Apenas o tempo e quem sabe alguma lembrança minha
Ou de outras pessoas que você já fez chorar.

Tão linda e tão cruel...
Talvez eu tenha sim culpa, a verdade nunca foi absoluta
Mas tenho a consciência limpa de que nunca te enganei
Sempre te respeitei, um respeito que me deixou chato
Já que não tem tanto valor coisas que vem fáceis, na mão...
Um dos meus erros foi demonstrar demais.

Sou um estúpido aprendiz de poeta
Das cartas que lhe escrevi, enviei todas
E estive á espera das suas até ontem...
Quando olhei para minhas mãos vazias e senti que elas nunca foram escritas.

Como a vida tem graça, Eleonora...
Um dia você me pediu para que não sumisse da sua vida
Ri acreditando que era verdade... Mas como já escrevi:
A verdade nunca foi absoluta, pena!

Não terá mais cartas destinadas a você
Você nunca gostou delas mesmo...
Eu que teimoso sou e usei da única arte que sei fazer, escrever,
Pra demonstrar quanta força você movia em mim...

Então é isso,
Até um dia para não dizer Adeus...
(Amenizando a falta de perspectiva do fim...)

Hélio.


Jordana Braz

domingo, 19 de outubro de 2008

Conto do vigário

"Alguns amam com o coração, outros com o cérebro... talvez eu ame com o rim..."

Eu sinto um amor que não cabe em mim
Amor puro, aquele que é paciente, compreensivo, tolerante
Mas não burro e idiota.

Por mais que não queira saber, não nego a decepção que você me causou.
Nunca te pedi nada além do mínimo.
Cuidar para que eu não me magoasse,
Já que engoli muitos motivos a seco,
Só pra não te magoar.


Você me chama de louca, ciumenta... diz que preciso de psicólogo.
Que isso, você sabe do que eu precisava... não preciso mais.
Você simplesmente andou por cima, ignorou meus apelos
Por mais que fosse apenas um " Vamos conversar"...
O amor é tolerante, não burro.


Seu "depois eu..." me desgastou muito!
Ainda mais ao perceber que você não o faria, não é nem pela falta de tempo
Simplesmente um "não quero" camuflado de "não posso".
Eu nunca liguei pra dinheiro, pra distância, nem nada.

Segui minha vida trazendo você no peito e com todo o respeito.
Pra ouvir de você um " eu sei da minha importância... mas cada um cultiva do jeito que pode"
Isso foi um tiro certeiro,
Sem razão e no peito.

Não sondo sua vida, tenho a minha
Apenas me vi em outra
Mesmas cenas, mesma tática, mesmas desculpas
Tão parecida... que machuca, você me vê em outra
Não vou te procurar em outras pessoas
Quero outra história...

O valor que eu tenho, você não soube segurar.
E você sabe que por você, eu comeria arroz
Por mais que eu não goste
Mas só por estar comendo com você, bastava.

E não coloque a culpa em mim, você sabe muito bem
Que para eu agir assim, meu limite ultrapassou.
De todos os meus homens, futuros e passados
Você foi o que mais me magoou.
E com toda a certeza e força do mundo
Não me interessa as passadas e muito menos as futuras
Mas de todas, a que mais te amou, fui eu!



Jordana Braz

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Luiza

Luiza, ao te ver andar,
Percebo em seus passos, pressa
E em sua feição, tudo o que passa em sua mente.
Luiza, Luiza... te conheço tão bem, menina.

Até sei onde você chegará...
Te magoa ao fazerem de risos
Todos os sentimentos que você possui.
Não deixe isso acontecer de novo, Luiza!
Não deixe suas emoções virarem retalhos.

Você é ingênua, por mais que seu tamanho não demonstre
Mas é forte, embora sua sensibilidade não mostre.
Esconde em ti um lado tão passivo que te irrita e te coça.
E é mira do Ego que você mesma deixou inflar.
Não permita isso, Luiza...

Ego nenhum fará você de idiota,
Nem fará você se sentir culpada por erros que não lhe pertence.
Nem o seu própio ego nutrirá seu orgulho.
As pessoas sempre te interpretaram de forma errónea.

Desapegue da casa de marfim que construiu,
Já que desta vida, você não levará nada!
Esqueça os vínculos, os laços e histórias:
Isso funciona apenas em filmes...
Não se agrida ao perceber que você não é tão querida assim...
Não lamente... você fez sua parte, inteira.

Luiza, não estranhe se ao te escrever,
Eu coloque carinho de mãe sobre as palavras.
Não somos parentes, nem vizinhas:
Eu apenas estou em você.
Jordana Braz

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Apenas uma frase

"E que pena que ao crescer, descobri que o mundo não é tão azul assim..."

Jordana braz

Namorinho de portão

Marília: passou por esta vida
E não soube o que é um namorinho de portão.
Passou a adolescência toda á observar
E ver em suas amigas, a beleza de ser levada até em casa
E ser beijada no portão.

Marília sofria tímida,
Pois só soube o que era um beijo depois do colegial
Mas sempre negava ao mundo ser boca virgem;
Negava o que era óbvio, já que além de ser muito gorda,
Sempre mudava o nome do garoto que havia beijado-a na mentira.

Pois é Marília... ao lembrar desta fase
Te surge à face um breve sorriso, um alívio
E uma calma saudade:
Dos aúreos tempos em que apenas assistia o cortejo,
Percebia o desejo e não sentia a dor do depois.


Jordana Braz

2008: O ano de Estela.

Estela considera 2008, o ano dela.
Embora muitos dos dias foram os mesmos
Com cenas repetidas e reprises de escritas,
Estela foi mais ela.

Estela é singela.
Estela sabe que exagera, mas é sem intenção
Estela foi mais ela
Estela está sendo ela.

Estela nunca disse que era legal
E por isso sempre se ferra no final
Mas ela sabe que faz parte.
E por mais que ainda seja Outubro
Estela canta e encanta
A si mesmo.

Jordana Braz

domingo, 12 de outubro de 2008

Instantâneas

Nome, Shampoo, Coca-cola, Chapinha, Funk, Novela, Reality show, Premiações musicais, filmes, carro , moto, livros, tênis, músicas, orkut, faculdades, religião, Caras, Veja, Unhas vermelhas, Chocolate, Verbos, gerúndio, piercing no umbigo, Academia, Indie rock, óculos de armação grossa, Paulo coelho, Naruto, Falar Mal de política e da Britney spears, Rir do chaves , Tatuagens, Pede pra sair, Carnaval, Bunda, silicone, Tv, Cerveja, boteco, Falar da vida dos outros... ah!!!

Chega... é tudo farinha do mesmo saco.
Escapismos, alienações, bem comum,
Felicidades instantâneas...
Causa imensa tristeza pensar na vida,
Falar com o eu... lá no fundinho.
Perguntar, perguntar e não ter respostas
Mas mesmo assim, perguntar.

Chega... por mais que seja mais fácil
Ter como única preocupação
É o que ter pra fazer sábado á noite,
Isso não é a vida.

Jordana Braz

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O molde

Ah perda... você é um saco!
Aliás, é o própio homem do saco
Vive a assustar... mas pena que você não é uma lenda,
Você causa medo de verdade.

Você, perda, é omnipresente
E se aproveita disso com toda a astúcia.
Sei que você faz parte da vida
Como faz parte da morte.
Além de aparecer em jogos de cartas
E em partidas de futebol...

Mas ao mesmo tempo que te vejo com pessimismo
Te vejo como uma consequência, uma evolução.
De início ver você, choca
Mas nada como o tempo para te moldar:
Moldando em saudade, moldando em rancor
Ou moldando em lembrança.


Jordana Braz

domingo, 5 de outubro de 2008

A arte do desencanto.

Em todas as vezes que prometi não escrever mais,
Escrevi a mais.
Mesma coisa quanto ao sentimento que está doente.
Cedi por muito tempo como colchão, meu coração
E fiz como edredon e manta,
meus sentimentos mais ternos.
Para que todos os seus sonhos fossem bonitos
E ao despertar, você sempre deixou a cama improvisada, desfeita.
Cabendo sempre a mim arruma-la,
Para que seu sono da noite seguinte fosse tranquilo, o mais bonito,
Mesmo sabendo que a cama permaneceria desfeita
Durante o dia.

Acho que te deixei mal acostumado...
Enquanto vejo você montar uma outra história
Continuo contando a nossa, a mesma.
Enquanto vejo você em novo encanto
Me sobra apenas a arte do desencanto.
Enquanto a única coisa que desejo é uma atenção tola
Como um abraço ou uma rosa em 3D,
O que me dá, o que me sobra e o que me resta
Simplesmente é o aguarde, a indiferença.

É massante ser feita como café com leite!
Ser tratada como um talvez, deixado em banho-maria.
Você me faz sofrer não é pelo fim
Me fere por não me ver como me mostro, não dá valor.
Não entende que eu ainda não entendo
Que conquistar é a lei do universo
E que assim que consegue, acaba a graça.
Efeito Caça e caçador.

Faz bem ao ego, creio
Saber que há alguém que te ama
Mesmo esse alguém sendo a última linha
Do papel da sua lista de prioridades
E faz bem a pele, creio
Ver à tudo isso mantendo cara de paisagem...

Certo, você está.
Qualquer pessoa que conseguisse peças raras
Como Amor, Fidelidade, Lealdade e outras coisas
Em desuso contemporâneo, agiria assim:
Inclusive eu.

Já que é mais cômodo ser ídolo do que fã;
É mais fácil ser o idealizado do que o idealizador;
Sempre foi mais confortante ser o torturador do que o torturado...
É gostoso se acostumar com a facilidade.
Prático: cansou, joga fora.
Tipo roupa larga, sabe?
Usa a roupa larga, não pretende ajusta-la
E a veste mesmo sem gostar
Até ter cacife pra comprar roupa nova do tamanho ideal...

Mas não sou peça de roupa, Nunca fui!
Se te amo, é amo... amei seria uma mentira.
Ninguém deixa de amar, eu não deixo.
Única coisa que deixo é de ver você como único.

Te dou amor e recebo talvez
Te doei o melhor de mim
E não me arrependo, só acho que não houve zelo.
Cansa brincar de Bem-me-quer, mal-me-quer.


Jordana Braz

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Rebanho

Alguém já viveu um encanto?
Alguém já se percebeu em espanto?
Alguém já se sentiu como uma ovelha sem rebanho?
Alguém... sou eu.

Ah desencanto...
Pensava em você como a eternidade
e à te sentir, tempestade.

Mas ao perceber aonde tudo levou
Nada me moveu, apenas o espanto
de voltar ao início sozinha, sem meu rebanho.

A solidão que mora em mim, sou eu.

Jordana braz