segunda-feira, 20 de julho de 2009

Customização de Virna

Apenas um cigarro de nicotina mágica, após os 40 minutos do primeiro tempo. Simples assim.Virna encontrou uma companhia, enfim! Latas de cerveja, copos com cerveja, delírios, sorrisos em excesso, olhos mistos e tudo que não fazia a tempos. Vestiu-se mulher novamente, aliás, customizou a mulher que é. Hoje ela quer o hoje; prefere deixar o futuro para quem ela será amanhã. Age para apagar seu fogo, nada mais a impede, sem bloqueios psicológicos e neuras corporais. Faz-se nua para si, quer ser nua para ele, logo. Virna tirou os bolsos onde guardava o tempo, estavam surrados demais. Ela possui uma saudável paciência e sabe seus limites. Entre uma cerveja e outra, ela deseja uma mão boba. Hedonista? Frígida? Não, não... É Virna, aquela que quer um cérebro que funcione, um pênis sob controle e uma sensibilidade máscula; tudo no mesmo homem. Uma companhia eterna enquanto dure. Virna costumizou-se mas não muda de jeito nenhum a fidelidade tão dela. Ela é de um homem só e desde que foi hipnotizada por toda aquela nicotina, só tem olhos para sua fumante companhia. Isso não é paixão, garante ela! É apenas um respeitoso sentimento pelo momento, pela atenção. Cheiro de novo, cheiro que há muito tempo não é mais de Barbie nova. Cheiro de homem novo,de lucky strike... A calorosa Virna hoje está assim; sabe como agir, prefere isso! Pensar demais é um estático estalo para a nova Virna; como o um, dois e três...




Jordana Braz

segunda-feira, 13 de julho de 2009

As linhas da nova cor

Eu não quero mais sair
Não pretendo ver a rua com o mesmo concreto,
Que de certo só possue o cinza, tão cedo.

Tantas vezes quis colorir uma rua que minha não é;
Do verde ao castanho, nenhum azul seria estranho;
Nenhum pecado daria um gosto amargo a minha vida.

Porém, cada passo em descompasso me fere um pouco
E o vermelho sangue sobrepõe um existir só meu,
Tão meu e tão seu - Nosso... nossa!

Desejo apenas que a espera não me fira com a certeza e não me encante pela surpresa.


Jordana Braz

sábado, 11 de julho de 2009

A barba e a saia

Cantaria sua timidez em altas notas
que não sei se algum dia iria alcançar.
Timidez essa que faz um homem barbudo
transformar-se em um garoto típico de 3° série,
de face lisa, sentado em uma fileira de escola
estilo anos 90.

E que ao torna-se homem aos meus olhos
-novamente, sutilmente e de repente-
abandona as doces e bárbaras lembranças estudantis
que me fazia menina sem gosto e sem saia
Para rapazes barbudos porém singulares que não me rodiavam
-e que hoje me rodeiam.

Mas caso sua timidez vire uma Insensatez*,
ficarei apenas com um gostar no futuro do pretérito
e um pensar no pretérito imperfeito!Mas acaso, apenas...

Viver intensamente o hoje para ganhar a eternidade;
outros barbudos e outras mulheres de saia já viveram
e já possuem a história, suas histórias e a eternidade.


* "Insensatez " de Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes.


Jordana Braz

sexta-feira, 3 de julho de 2009

A sós

Decidi que não irei chorar por mais nada,
mesmo minha dor ou a de outro.
Cansei de toda a bondade pura sem espera da troca,
pois calejados estão meus dias, meus pés e minhas mãos
por andarem pelas mesmas ruas sem asfalto com pedras nas mãos
nos dias carentes de um relógio no pulso.

Do amor que conheço, não há exemplar.
De amor que vivi, não quero mais:
Cansei de toda a lorota que engana à primeira vista.

E como eu quero? O que quero?
Mesmo sentimento que pergunta, responde.
O mesmo sentimento bom de memoria,
que aprendeu sonhar somente com aquilo que pode ter,
nada mais.



Jordana Braz