quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Sem título

Os risos no canto da boca que me tiram do sério. É fácil ver a vida alheia cair como peças de dominó. É o choro, a decepção, a desgraça do outro que te faz feliz. Poderia ser mais simples se a felicidade do outro fosse a sua. Não, no meu jardim não tem as flores mais bonitas mas são minhas! Na minha horta, não nasce pé de paixão pois a terra não tem adubo, não tem quem adube. Mas meu pé de solidão cresce demais. Doce, amarga solidão. Agridoce, melhor. Como do que eu planto. As pessoas me assustam nos mínimos detalhes e me entristecem só de existir. A existência é algo extremamente triste, a minha ou a sua.




Jordana Braz

domingo, 16 de outubro de 2011

O mito do Guri

O pão na chapa e o café com leite apenas me mostram que ainda há situações que são simples e que podem fazer algumas coisas que estão na mente ficarem em segundo plano. O impasse daquele Guri anda me tirando o sono. Desde quando o conheci , eu não sei o que se passa. Não me acostumo fácil com a ideia de alguém olhar para mim, olhar gozando. Não me acostumo com a ideia de ser mulher, objeto de desejo. Mas confesso que faz bem. Nessas horas é que a gente descobre que no ser humano sempre haverá uma pitada de cada dos sete pecados capitais. Aliás, me percebo em um jogo de perguntas e respostas onde o satanás faz a vez do Silvio Santos. Os homens tem uma capacidade de nos desconcentrar... mesmo quando não falamos de amor. Estamos falando da luxúria, talvez a grande madrinha dos aspectos femininos. A vaidade ataca a minha natureza tranquila que até então, não sabia o que era a cobiça. O Guri já tem alguém e não é do meu feitio fazer alguém sofrer. Mas o que eu posso fazer se isso distrai meus sentimentos do estado de inércia... E me enfurece por conhecer o meu orgulho e como é sentido quando ele se fere. O Guri não é pra mim e eu repito isso às vezes. O "é apenas simpatia'' me faz escudo nessas horas brabas! O Guri me dá bom dia, o Guri me dá boa tarde e o que eu desejo fica no ''aguarde''. O que ele realmente quer comigo, ele não deve saber, ele apenas solta doçuras no ar. O que será que ele quer de mim? Um nada, talvez. Ele pode me achar muito sozinha, com bandeja e um sorrisão. Eu já olhei as suas mãos e são tão bonitas. Acho que ele não quer nada comigo... ele prefere estar comigo como amigo, com carinho, falando baixinho, sentindo frio. Nesse mundo só há girinos e quem sabe alguns sapos. O Guri não é pra mim assim como a vontade de comer mais um pão na chapa: se eu insistir na gula, não vou ter como reclamar depois.










Jordana Braz

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Unhappy day

São as pessoas extremante felizes ou sou eu que não sei fingir? De qualquer modo, me chamaria Travis Bickle fácil fácil. Tentarei mais algumas vezes, não sei até quando. Por enquanto, me jogo nos livros sem romance, nos músicos suicidas e na dor existencial que nunca passa. Quer dizer, passa mas volta, a causa deve ser a inflexibilidade com o fracasso da estima humana. É tão falsa, as pessoas se vendem por tão pouco, por uma foto bonita, por um elogio barato, por um carro importado, por um cabelo alisado, por uma poligamia vã. O mundo como é hoje. Sinto-me unhappy o tempo inteiro, mesmo com comida no prato e moradia. Que bela cria da sociedade eu sou, assumindo a opção B do lado B. Porém, antes assim do que me vender para a doce ilusão da juventude eterna, na qual fazer merda é o way of life. Quero acompanhar o tempo e me lembrar de quando era jovem ontem, já estou mais velha desde quando comecei a escrever este texto, é engraçado. Consigo me lembrar de toda a cólera que passava por mim há minutos atrás, agora sinto conforto. Antes escrever do que apertar o grande botão vermelho.






Jordana Braz

domingo, 14 de agosto de 2011

Arte é três pontos

Enquanto todos querem ser artistas, eu só quero ser normal. Escrevo apenas por escrever, é tanta coisa dentro de mim desorganizada que só escrevendo para começar a ter alguma forma. Citei forma como sinônimo de sentido pois a forma em si é o que menos me preocupa. Hipócritas são aqueles que começam um curso de humanas, em especial letras, e já carregam no peito um brazão " discípulo de Manuel Bandeira" ou " Novo Leminski ou Lispector". Engraçado que isso se aplica para uma parte da sociedade que acha que referência e reprodução são as mesmas coisas. Ignorante eu fui quando pensava que seguir aqueles que admiro seria um ato de falta de personalidade pois seria como me esconder atrás dos grandes feitos dos outros. Na verdade, hoje sei que para se obter alguma luz criativa, é necessário conhecer inúmeras boas fontes e á partir de então, seguir teu rumo à sua maneira. Vejo um lance meio familiar com as referências: é sadio olhar um rosto e ver traços de quem foi seu avô, seu pai, seu tio e etc. Algo que ultrapassa a tradição. Nunca fui boa reproduzindo e tanto que descobri que a falta de graça quando cito algo que foi engraçado tem a ver com isso. Não sei reproduzir como o que foi de verdade, reproduzo no meu ritmo. Enfim, acho que a reprodução é um dom porém as pessoas não respeitam a quem elas são e o que são suas origens quando reproduz algo ou alguém. Reproduzir tem hora e local para ser colocada em prática. Tem gente que pratica a arte da reprodução durante a vida inteira. Isso eu acho triste.





Jordana Braz

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Teoria da conspiração afetiva

Há um ódio discreto em meus olhos quando percebo que me tornei previsíva: me fixo em delicadezas sem nexos e faço disso um grande motivo para pensar, pensar e pensar. É apenas uma conversa, foi apenas uma conversa, e já é o bastante para me fazer flutuar. Essas falsas esperanças agem de maneira tão destrutiva que sinto que cometo mais um suicídio. É horrível se sentir apta e não ver oportunidade de execer tal talento. Creio que amar seja um talento e creio também que não me esqueci de como é isso. Quando eu sinto o frio na barriga, sei que não passará disso: eu com raiva da situação de sempre permanecer parada numa fila que só há interessados porém nenhum corajoso o suficiente para passar a catraca. O tudo que sei me atrapalha e meu cabelo espalhafatoso também. Pessoas normais, que se sastifazem com o Domingão do Faustão, músicas enlatadas e todo o artifício que é a sociedade tem uma felicidade que não sei se invejo ou começo a agradecer por ser da minoria. Sou meio perdida, tenho um mundo onde só eu exploro mas aceito visitas de vez em quando. Talvez seja uma atitude carente e solitária dizer que eu só queria um namorado. Eu sempre nego mas é bom confessar. Queria um menino bonito, de um jeito que eu acho bonito e só, talvez. Não sou ambiciosa, só queria alguém pra me esperar em algum lugar, no ponto de ônibus ou na fila do cinema. É boba a tortura que sinto por não saber o por que ele não faz piscar uma janelinha qualquer de mensagem comigo. É platônico, é doentio porque dói. É triste porque me faz triste, me recorda quando eu era criança e passava o recreio com a lancheira aberta e olhando a avenida pela janela, sozinha. Para minha mãe era uma gracinha ouvir a inspetora falar que eu seria a garota do tempo pois ficava olhando para as nuvens ao invés de brincar. Para mim era a única maneira de abstrair aquele momento. Não há como abstrair o momento da fossa, tudo conspira para te afundar ainda mais. Nem com palavras de afeto do tipo que te coloca no status de divindade. Se eu fosse divina, não me importaria em apenas fazer milagres e ter meu nome associado em ser firmeza, como é mais comum de se ouvir. Queria poder errar e mesmo assim ser amada por alguém. Sei lá, talvez o grande erro está em sorrir com o coração oco e um cérebro cheio de informação. Não é papo de mulher frustrada mas só as burras são felizes. E se for burra de nariz empinado ganhou na loteria. Mulher que fala de igual pra igual sem ser mais um homem, assusta. Não adianta, não é mais um ' ismo' mas pode ser instintivo. Ser mulher moderna não é nada fácil!




Jordana Braz

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Os três dias

Caso um devaneio se repita por tempos, anos, ele perde o status de devaneio. Não sei, é um sentimento forte, um desejo, algo que se aflora quando me espelho em uma imagem que não possui meu rosto mas que de algum modo me tem alí. Vale os olhos lacrimejarem como um suspiro quando não sei mais o que pensar. É automática a condição humana de sempre sonhar em fazer de tudo em uma só vida. Eu já quis ser cantora, juíza e hoje me contento em não ser tão bonita. Me contento também em falar baixo, sorrir quando necessário e lidar com o jogo bobo de possuir alguma estima. É foda quando não há foda. É triste para não dizer que isso acaba comigo. Enfim, se eu pudesse ter mais uma vida que não fizesse diferença se durasse o suficiente para alguns grandes feitos... Fazer história é sempre melhor do que ouvir a história. Não possuo paciência de um bom ouvinte embora eu empreste meus timpanos para os meus verdadeiros amigos queridos que, ainda bem, são poucos. É inconsciente rever os últimos 362 dias que beiram um aniversário. Legal? Pode ser, é inevitável.







Jordana Braz

sábado, 23 de julho de 2011

Nota para Amy

Justificável seja qualquer ato relacionado à intensidade.
Tudo que começa lá no topo cai rapidamente.
É pesado.

Qualquer humano está sujeito a isto, há as regras que tentam inibir, proibir ou proteger.
Mas se este qualquer ser humano for uma mulher, que escute blues, soul, R'nB desde cedo e que cante como as grandes divas do passado, a intensidade é apenas um complemento.

Amar demais um homem e declarar abertamente em canção a morte do singelo coração.
Voltar ao negro, para a escuridão.
Antes disso era apenas um nome de homem.

Talvez seja besteira, talvez seja um instinto.
Mas eu sinto isso com pena e com alegria:
Existiram mulheres da minha geração que souberam ser únicas.




(dedicado para Amy Winehouse)



Jordana Braz

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Ócio Afetivo

Sinto que já nasci viúva, sei lá, é um sentimento estranho. Parece que a salvação afetiva se encontrava anos luz antes de eu nascer. Minha viuvez não se resume apenas em relacionamento, me sinto viúva nos costumes, no modo de pensar tudo. É realmente estranho. Acho gracioso pensar que ainda há muitas coisas para inventar, a criatividade humana pode ainda ser inédita. Sinto saudade onde o pouco era muito, as pessoas deturparam a palavra ambição. Cansei das cores digitais, prefiria as cores analógicas e o preto e branco da Tv. As canções tão poéticas diziam tudo e tinha o gostinho delicioso de serem proibidas. Minha época é uma vadiagem, não existem mais malandros. Rede social poderia ser uma simples rede num lugar amplo onde os verdadeiros amigos estariam interagindo juntos e ali, sem o risco de ter uma página como sua representação. Eu sou viúva, já disse! Toda vez que conheço rostos e trejeitos de sujeitos como Marc Bolan, sinto que aquele espírito livre que gostaria de encontrar agora já existiu anos antes e que estes rebeldes já morreram. Com trinta anos ontem, você viveria o que equivale os 45 anos hoje. Minha geração é infantil. Homens barbados e mulheres feitas com medo do mundo, presos em seus quartos e numa adolescência que já se fez poeira. É dificil, não consigo esperar mais nada do que a certeza de que tudo tem validade. Não há quem possa ser um cúmplice como meus avós foram um com o outro. Esse tal amor é descartável. Sou viúva do gostinho de quero mais, esperar uma madrugada para ver um simples clipe na MTV e ainda registra-lo no VHS. Hoje em dia os hits duram segundos, antigamente eram minutos. Sou viúva, me sinto velha e cansada. Eu nasci assim e os dias só agravaram esse meu estado de ócio afetivo, já não consigo gostar das coisas como gostava antes. O problema está em mim mas a causa é gritante a olho nú.




Jordana Braz

domingo, 12 de junho de 2011

Bilhete para Santo Antônio

Santo Antônio,


sei que nesta época do ano, o senhor é ameaçado por muita gente que quer um namorado ( ou namorada). No meu caso, só quero explicar o motivo que não te incomodo.
Já tive muita ânsia causada por amor até que um dia acabei vomitando tudo e desde então, aprendi a não me alimentar mais com porcarias. Ás vezes é óbvio, a gente vê alguém que nos dá vontade de provar um pedacinho. Mas há quem se contente apenas com aquele pedaço e há os gulosos que querem inteiro.
Eu me encaixo na segunda opção e sempre é um tormento: me empolgo e não dá certo. É horrível pois desarruma tudo que organizei com tanto empenho, sabe? Recomeçar sem ter um pé para trás é inevitável, porém, pode um dia aquele fio de esperança se soltar como um fio de roupa remendada de tão velha. É triste perceber isso, não se pode perder o controle quando só dançamos sozinho.
Por isso deixarei o senhor de cabeça para cima por mais um bom tempo.




Jordana Braz

terça-feira, 31 de maio de 2011

To be Cool

Faça sua imagem bem bonita no facebook. Seja legal, diga que és aquilo que gostaria de ser e pronto, você existirá! Será legal ter um profile bonito, sabe? Ninguém vai saber que atrás de tanta intelectualidade, existe sempre um google que te auxilia. Opa, que tal trabalhar com moda? É, ser fotógrafo de moda é bacaninha, ser fotógrafo freelancer também. E que tal ser da belas artes? Poxa, super bacana também! Twittar sobre as polêmicas superpops, ser comediante de stand up, vegan e amar os animais. É o corte de cabelo vintage, são os filmes de Lars von Trier. É o curtir Caetano e o tropicalismo, ser bicho grilo. É o cabelo não lavado, é ser moderninho de xadrez, esconder a miopia atrás de óculos geek. É tudo aquilo que se constrói pela falta de senso. Eita consumismo barato, me deixa louca por ser parte sua! Me sinto suja por integrar somente, me sinto livre por apenas não ser de nada disto. Sou uma lataria, com o toque me percebo carne. E imagina se me percebesse pixel? Imagina se eu fosse o lado bonito da minha família?
Pior, não me imagino construindo uma imagem. Não dá para forjar um fato. Sem pose para as fotos, quero me olhar nos traços descontraídos. Quero ver como sou na prática, sou a teoria por dentro. Mas se perguntarem se eu existo, digo que irei pensar no assunto.



Jordana Braz

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O pequeno sentimento

É para acalmar o coração,
uma escrita e uma folha de papel.
Não há o que corrigir, o esboço é a obra em si.
Em mim,
delicado, imaturo, ágil e esguio.
Uma força do pensamento, uma paz que não experimento,
um reflexo de cada movimento que toca o chão sem fazer barulho
e distancia-se de tudo o que já fui.
É o tempo enrustido por solidão
e que tem o bordão mais sincero do mundo:
Antes só do que mal acompanhada.


Jordana Braz

sábado, 9 de abril de 2011

Esmalte

O rosa colonial que preenche o espaço neutro de minhas unhas, o tom de rosa tutti-frutti do chiclete de minha infância e que são os mesmos tons, não os mesmo mas semelhantes, ao tom do rosa do lápis que usei para rabiscar algumas palavras. Talvez isso tenha feito meus sentimentos ficarem mais sossegados. É como se fosse um suspiro que tomasse forma, um descontentamento com as coisas que não estão direitas, uma cobrança de buscar por aquilo que ainda está em planos. A pressa de querer tudo para hoje, a boa sorte de primeira acertar, uma lacuna que se forma e se preenche apenas com a experiência de cair e levantar, um termo bêbado. Tudo vai bem para quem não está dentro de mim, tudo está morno para quem sou eu. Meus fragmentos de vida estão mornos, não há um sentido majestoso para tudo. Quando criança, o rosa tutti-frutti era o tom ideal para colorir minhas lngas unhas no dia em que eu fosse mulher, era uma sensação tão boa saber que um dia eu iria crescer e ter longas unhas. Era majestoso o encantamento que a minha mente tinha para quando chegasse esse dia. Hoje, se soubesse que somente ás vezes sentiria esse encantamento quando tivesse longas unhas, desejaria apenas viver em um encantamento eterno. Enfrentar demais a realidade é a verdade nua e crua, porém, a sensação que ela lhe causa, além do amadurecimento, é de estar diante de um abismo. (Jordana Braz)

terça-feira, 8 de março de 2011

Outros carnavais

Sentada sem postura, vejo a entrada da quarta-feira de cinzas e como queria eu poder espanar toda a camada grossa destas cinzas. Pulei carnaval, meu lado profano sequer mostra sinais de arrependimentos e meu lado sagrado não existe. Com os olhos entreabertos e um leve sono, sinto a madrugada gelada me tocar como se quisesse me levar até a cama e me fazer dormir. Boa quarta-feira e quisera eu espanar suas cinzas, essas de outros carnavais pois a recente tive aquele tipo de paz que é o sinônimo de liberdade. Já tive bons carnavais e os carnavais que saia para os blocos com um fio transparente chamado paixão; tola. O melhor é quando se sabe que esse fio só depende de nós mesmos para o corte. Desilusão corta tudo e os dias que sucedem são surpresas boas ou premeditadas. O mundo dá tantas voltas... e beirando o fim de noite, percebi que risada de ser ex é a risada mais gostosa que existe. É um misto de superação com vingança ou apenas a consequência, assim soa melhor e sem maldade também. Entre cochilos e bocejos, sinto que há alegria nestas cinzas, alegria de foliã, alegria de quem já amou e uma simples alegria semi-reciclável e por isso, sinto que algumas pessoas mudam mas pecam sempre pelos mesmos e já avisados pecados. Do meu bom riso mais cedo, percebo que não se pode apostar sempre no tradicional. O ato de apostar move a vida para a frente. Apostei comigo mesma se conseguiria ser melhor sem ele e consegui, consigo. Amor super bacana e moderninho já deu pra mim e não combina com minha folia. Hoje é quarta-feira de cinzas, a quaresma começa e essas tradições que não entendo seguem, colocando outra atriz no papel que já foi meu, o de mocinha sonhadora. No fim do carnaval pude rir sem vergonha de me sentir bem por perceber que já estou na frente daquela que um dia fui e que quem me fez mal lá atrás, paga com o seu próprio veneno... mas isso foi em outros já passados carnavais.





Jordana Braz

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Artigo feminino

Meu útero é um astro rei e mulheres são divinas,
carregam uma estrela na barriga,
no ventre.
Vênus é nosso e todo o sitema existe por nós
Talvez por isso alguns seres de marte nos temem.
Coitados, esquecem que a força bruta não supera a força do psicológico feminino; sabe a hora certa de usar a razão e não erra quando o guia é a intuição. Genuinamente antenada com o cosmo, com a mãe natureza e os misteriosos ciclos naturais. Demorou para o mundo criado pela força braçal perceber que somos tudo em um corpo, em uma só essência com cheiros distintos.
A 'emancipação feminina' citada pela chiquinha, Sailor moon e todos os sabores das spice girls; como foi bacana ver de forma lúdica que quando eu crescesse, poderia ser o que eu quisesse, só dependia de mim. Não vou gerar nenhum fruto que não seja pela minha escolha, por gratidão à vida e pela minha espécie. Não vou ser mais uma a usar de maneira errada o ser feminino. Para aquelas mulheres que minimizam o seu ser para um rótulo qualquer, lástima. Não vou me esconder atrás de costas largas, carro e dinheiro. Me apoio na minha moral sem ser moralista, regras não são aplicáveis de maneira igualitária pois as histórias não são as mesmas mas para mim, a regra de se manter fiel a eu mesma é aplicavél a qualquer circunstância. Sou mulher, sangro e dou muito valor a isso. Não é papo de mulher auto-suficiente, é apenas um relato, um desabafo.
Cansei de ver mulheres que não sabem o que é a palavra dignidade e que por algum acaso, poderiam ser eu. O que me difere das demais? Cara, como é dificil entender as coisas mas infelizmente algumas coisas eu não consigo deixar quieto.




Jordana Braz

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Manu Chao

Acordar brasileira todos os dias é uma faca de dois gumes: temos sol em pleno fevereiro e temos velhos e maus costumes. Sim, nossa cultura é folgada e só pensamos no coletivo e no bem dele quando nosso espaço está garantido. Porém, não existe apenas nosso espaço, já que estamos em um coletivo e nisso não digo em transporte mas para tudo. Existem outros espaços para todos os lados e eles merecem respeito. Ceder ás vezes não é ruim porém saber quando se torna abuso fica feio.
É estranho eu amar tanto nossa cultura mesmo ela sendo folgada, já que o que há faz folgada são as pessoas, sempre elas. O brasileiro é folgado por hábito e isso é ensinado mas passível de ser desaprendido. É habito jogar lixo no chão, fazer fofoca, não ceder lugar para idosos, bancar o esperto furando fila ou apertando ou simplesmente 'roubando' espaço no público em shows quando se chega atrasado. Essas coisas tão ridículas que se tornam até engraçadas acontecem TODOS OS DIAS e acabam com um dia que poderia ser perfeito. Confesso que por morar 'longe' da capital e utilizar cptm para ir onde eu preciso, me atraso ás vezes mas nem por isso quero tirar vantagem onde não tem: se chego atrasada em algum lugar, faço questão de não atrapalhar o que já havia começado sem mim. É coisa simples, bom senso! E é o que falta no mundo hoje: pessoas de bom senso, honestas consigo e com os demais.
Talvez eu esteja puta porque consegui ver apenas 30 minutos de Manu Chao por causa disso; cheguei cedo para o show, garanti um bom lugar porém vi inteiro um bom maracatu e apenas 30 minutos do Manu Chao, verdadeira razão de eu estar lá. Não combino com má educação, não combino com panelinhas e não combino com pseudos qualquer coisa. Sai de lá cansada e triste com tanto desperdício de cultura, brasileiros como eu mas que não fazem valer a grandiosidade da nossa cultura e fez feio para gringo ver.




Jordana Braz

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Ensaio sobre namorado

É libertador olhar para o ontem e perceber que não existe nada que nos prende ao tempo, passamos por ele como um vento. Conhecer alguém e ter a possibilidade de ter alguém pra si é normal, a mente tem um pé na ilusão. Já olhei para tantos e na mente senti que seriam os homens da minha vida. Eu sempre ensaio gostar de alguém e eles sempre ensaiam ser meu namorado, como se o futuro fosse um grande concerto de ópera. Passam os minutos após o encontro, sempre penso como foi bacana e imagino como será a próxima vez, logo, os além pensamentos surgem como dúvidas. Talvez eles não deram sinais, talvez eu esteja vendo a mais do que realmente é e assim, meu entusiamo esfria, volto a ser que eu era. Não há nada que me prenda e todos os encontros são apenas um momento. Não há romantismo, só existe o desejo que ele existisse e só, preciso quebrar os espelhos. Não existe o meu oposto tão semelhante a mim.





Jordana braz

domingo, 2 de janeiro de 2011

Dedo neutro

Decobri que sou feroz, felina e sei machucar os sentimentos de alguém. Não havia percebido o quanto é pesado esse sentimento. É estranho e quente, sinto meu rosto pegar fogo mas meu corpo ficar frio, arrepiado. Parece que eu já previa ou devia estar mais atenta na astrologia. Minha mãe sempre dizia que eu era uma menina malcriada. Hoje adulta, ela não diz mais nada pois sabe que quem me avalia agora são apenas minhas vivências. Talvez seja culpa, me senti meio que chutando cachorro morto e isso não se faz, já perdi tantos cães e sei o quanto me entristece imaginar alguém chutando eles sem vida. É essa a questão central: nunca apontar o dedo para alguém porque com isso, terá quatro ou três indo em sua direção (isso depende da posição do polegar, ele é o dedo neutro da história) e dentro das tais vivências, descobri que aquele que mais critíca é o mais infeliz, quer mudar o mundo porque não se muda. Quem não muda com o tempo, aqueles que os dias passam e continuam sentados, estacionados. Sempre temi ser assim e temo, não gosto de ser a mesma pessoa sempre. Posso seguir o mesmo caminho que percorri mas estarei mudando minhas pegadas. O mais foda é que existe sempre alguém ao redor que é assim, seja irmão, tia, amigo das antigas ou alguém que a gente esbarra por aí. Precisei ser feroz e felina, me conformo agora. Não dá para ver alguém dizer besteira sem ao menos conhecer e sem ao menos parar um pouco e perceber o quanto infeliz está. Não sou a dona da verdade de ninguém, da minha verdade tenho parte dela. Prefiro nunca estar convicta pois a vida é perecível.







Jordana Braz