terça-feira, 29 de junho de 2010

Talvez francês

Como eu posso deixar sangrar?
Qual a maneira mais fácil de deixar todo esse sangue seco sumir da minha pele?
Talvez com música, talvez com poesia ou com a imensidão
que eu sei que existe mas nunca chega.

Se tristeza for contagiante, me deixe por aqui,
não quero ser mais o peso ou o motivo para nenhuma dor
que não seja a minha.

Você foi minha la belle de jour
de semanas tão frias e tão francesas que de trava-línguas eu me comunicava,
te adorava como jamais houvesse maior admiração do mundo.
Adoração que me veio e assim se vai,
mais uma vez, sem eu saber o porquê.




*La belle de Jour, canção de Alceu Valença.






Jordana Braz

domingo, 27 de junho de 2010

Acordando

Queria eu poder amar sem ter a sensibilidade e a intuição que não me freia. Queria que fosse certo mas é complicado, só atraio olhos claros. Não sei o que eles exergam em mim. Só queria ser feliz, mas olhos claros só me fizeram triste. O azul acinzentado é novo mas me lembra os olhos cor de mel muitas vezes, os olhos verdes pelo signo e o castanho claro na aparente ternura e em todos, eu perdi a paz completamente. E impulsiva, tento conter as certezas tão vagas na minha cabeça... só tento, não consigo. Vejo sempre um futuro tão bom que é dificil acreditar que será verdade; e nunca será. Há algo que sempre se perde quando começo a sorrir, talvez a vida não queira que eu sorria com o coração cheio, ela deseja que eu sorria por eu mesma ou escreva sobre minhas frustrações. É dificil assumir para si mesma que perder já faz parte do jogo, só depende de quantos dias demorará para ocorrer. Devo confessar a mim mesma que há uma coisa que não foi feita para mim? Talvez sim. Adiar sofrimento é a pior forma de sofrer, pois adiando, só se apega mais e quando é para dizer adeus, a dor é maior. Uma vida longa também é assim... Não sei, a cada dia eu me torno mais confusa, de lua, de marte e vênus. E com a boca cheia, só posso dizer uma coisa: como namorada, sou uma excelente amiga.






Jordana Braz

sexta-feira, 4 de junho de 2010

O ar

Vá! Me deixa ser feliz, me deixa respirar... Quero viver um pouco da vida que me resta. Minha vida. Me deixa explodir, me deixa morrer, sumir. Esvanecer naquilo que não sei, dentro de mim, fora do meu corpo... No universo. Eu já disse que quero ser feliz? Disse isso para mim, digo isso para você, para quem eu não conheço e para quem eu já conheci e que irei conhecer. Sei que a felicidade existe, só não sei onde mora. E se mora, está a me esperar com café e bolachas... aliás, café com bolo, café com leite e pão com manteiga na chapa... nada de pão com mortadela, croissant, pão italiano e tudo que faz o bolso esvaziar. A felicidade é tão simples, eu sei disso e por isso a quero tanto. Um rastro de felicidade está no sorriso da minha mãe, nos olhos do meu irmão, no abraço de quem me deseja de forma calada, nas mordidas do meu cachorro, na voz da Björk quando chega aos meus ouvidos, no vento que me arrepia a pele... A vida é uma fração da felicidade, viver cada dia é trilhar o seu caminho e o ápice talvez seja aquilo que muitos temem... deixar de ser matéria e ser parte do ar deve ser lindo. É quando nos tornamos essenciais, como o ar que a vida respira.






Jordana Braz