sábado, 25 de dezembro de 2010

Espírito Natalino

Vermelho, dourado e o verde plástico da árvore de natal. Não é sua data favorita, é aniversário de Jesus e talvez nem ele mesmo saiba disso; para o consumo, inventa-se de tudo. Mas não é isso que a incomoda hoje, talvez seja o que menos incomoda. Em uma completa escuridão, ela pensa no que o amigo havia lhe dito pelo telefone:

- Ele a ama como Chico Buarque amaria.

Naquela altura da noite escutar sobre qualquer coisa seria apenas um fato, jamais ela poderia imaginar que alguém que foi tão fácil esquecer, traria o sentimento de lama. Por mais forte que ela possa ser, sente-se como uma criança com medo e que usa o cobertor para se esconder, não há nada que ela consiga enfrentar sem antes chorar de medo. Imóvel na cadeira e olhando para o nada, apenas a luz do monitor do computador lhe trouxerá a luz agora. O que pensar neste momento? Talvez nada, talvez levantar da cadeira e ir comer o que sobrou da farta ceia, talvez dançar para esquecer.

- O mais fácil a se fazer é repensar sua postura quando o assunto é solidão. - Disse aquela voz da consciência.
- O mais fácil é pensar minha postura quando o assunto é solidão! Nossa é isso !- Disse a moça, como se fosse algo que jamais havia pensado. Descruza as pernas que já estão dormentes e começa lentamente o impulso para levantar-se. Fica de pé, coça os ombros e olha o relógio.
São 21:28. Será que existe hora para um recomeço? Ela se vê sem nenhum propósito pois já entendia sobre solidão, havia planejado ir ao cinema sozinha no dia seguinte. Segue dois passos à diante e pára. Estufa a barriga e percebe os quilos que ganhou com a tal solidão. Continua os passos e chega ao banheiro. Acende a luz e se aproxima do espelho, vê pêlos nascendo no buço.

- Essa não! - Balbucia enquanto passa os dedos sobre a face.

Afasta-se do espelho e se despe. Liga o chuveiro, entra debaixo dele e fecha a porta do box. Não conseguia pensar como seria repensar sobre a solidão, sabia apenas que ela começará o hábito do abandono. Sua vaidade resumia apenas em escovar os dentes. Não poderia continuar assim. Termina o banho, enxuga-se e sai do banheiro que deixou com o piso molhado. Veste uma roupa qualuqer e volta para a cadeira que deixou sob a luz do monitor. Continua 21 horas mas agora com 44 minutos. Repensar sobre a vida é tão dificil. Sempre subestimou seus ex mas eles parecem muito mais felizes sem ela. Sua solidão a fez crescer sim, conseguiu mais tempo para as atividades que exigem mais seu tempo e sua mente enquanto o coração sonha com alguém para pensar 24 horas. Desliga o monitor, empurra a cadeira e segue para seu quarto com uma pinça e caixa de esmaltes nas mãos. Em plena noite de Natal ela irá esquecer de tudo, para cada pêlo arrancado com a pinça, um tópico sobre o abandono e solidão será desvendado. Definitivamente ela não está resolvida e terá como promessa de ano novo ser mais realista sobre o que é ser sozinha.








Jordana Braz

domingo, 5 de dezembro de 2010

Para Stu, Harrison e Starr.

Percebi ainda em tempo, o quanto a juventude é preciosa;
tudo cheira aventura e a visão é sempre míope sobre o futuro.
É assim,
tudo tão passageiro, tudo tão sem tempo e a vontade é apenas de viver uma vida inteira em apenas um dia.

Minha época está no ano 2010 mas para quando se é jovem, época não existe.
Vejo meus desejos em cada gesto feito pelos rapazes de liverpool e não uso da prepotência para sentir isso. Ingleses e tão meninos,
estão num passado que eu só vivencio assistindo pela tela de computador e por vezes de tv e possuindo estas distâncias, lá está um pouco de mim.

É tão brilhante ser jovem que já sinto a saudade de apenas ser espontânea.
Nada hoje parece mudar meu mundo e a cada minuto, brotam flores;
minhas flores preferidas, minhas flores escolhidas... tudo como eu quero,
Tudo como eu sinto; jovem, feliz e fã de beatles.



Jordana Braz

terça-feira, 30 de novembro de 2010

(Sem assunto)

Qual será a minha sorte, se eu ficar nessa cidade, já que socializar sempre foi sinônimo de tédio.
Descobri que pessoas não possuem identidade, são apenas figuras repetidas e minha nova mania é perguntar ao vento se o rumo que ele segue, será a direção que me levará para algum caminho que me faça de amor novamente.

Não existe mais paixão,
não há mais nada que eu deseje do fundo da minha alma, tornar-se parte de mim.
Não há sentido dizer bom dia e sorrir para quem quer que seja,
está tudo muito chato, tudo muito igual,
talvez porque ainda dentro de mim ecoa ilusão.




Jordana Braz

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Eu sou mais alternativo que você

Vestidos longos, jeitão meio hippie, bigode, cabelo cacheado, frenquentar lugares sem apelo comercial, filhos, listras, chinelos, facul pública, barba, vegetarianismo, veganismo, unhas vermelhas, unhas neutras e eu sou mais alternativo que você! É fato, minha patota é o lado B da sociedade. Que legal, somos filhos de classe média, pais esforçados e trabalhamos porque queremos independência em uma cidade grande. É legal, repito, mas está me saturando. Sei lá, já cansou tudo isso, talvez agora seja bonito o estilo e combine com meu biotipo, talvez eu não sinta que eu seja o lado B. Não digo isso porque acredito ou sinto, mas digo que é pelo o que vejo, é legal ser alternativo para os outros e muitos não são a diferença. Papo cabeça sempre me desgastaram muito, não sei ser cult mesmo que meus filmes favoritos sejam filmes do Kubrick e Martin Scorsese. Escuto bandas moderninhas e velharias, mas na boa, apenas escuto porque gosto, não quero entrar em discussões sobre quem foi o cara mais politizado da música. Fotografo porque amo, não quero ser o novo Sebastião Salgado e nem pretendo fazer super ensaios estilo David Lachapelle ou Annie Leibovitz. Eu apenas quero ser eu, eu sou eu! Mesmo que eu conviva com todo o clichê de filhos de classe média, me sinto um peixe fora d'água. As falas bonitas deles nunca me impressionam nem como a maneira como eles bolam um baseado, o cheiro sempre impreguina no meu cabelo. Cansa, cansa muito saber que não existem pessoas realmente interessantes pelos lugares onde percorro diariamente, cansei de ver genialidade apenas em cortes de cabelos diferentes e looks estranhamente belos. Quero me apaixonar pela individualidade, não pelo coletivo. As coisas precisam fazer sentido para mim. Rebeldes sem causa são todos mas causas com rebeldes é o que o mundo precisa e eu também. São todos artistas, filósofos, sociólogos, fotógrafos, atendente de alguma livraria e assim por aí! Soa tudo tão falso... parecem livres mas não são. Alguns, já na meia idade, parecem tristes pois foram iludidos por ideais que só são válidos enquanto os 25 anos não chega, após isso, a vida é dura. Não existe mais desculpas para sonhos que serão apenas sonhos. A vida precisa de praticidade, sonhar é bom mas que sejam sonhos possíveis e frustrações não devem ser roteiros para a vida. As pessoas nunca olham ao redor para perceber que estamos para ser alguém e que nossa maneira de ser seja algo útil para o meio. Se for para ser legal, seja para você e não para querer ganhar respeito ou para apenas fingir ser ' contra o sistema', você já está incluso nele.




Jordana Braz

sábado, 20 de novembro de 2010

Susi

Eu sou uma boneca Susi: pernas grossas e de uma maneira bem brasileira, sou aquilo que as Barbies gostariam de ser. Não são as pernas grossas já citadas e pouco peito, sei lá, talvez eu consiga ser feminina sem precisar usar tanto rosa. Prefiro sempre o lilás. É fato que as barbies sempre terão mais mídia, a perfeição de seus rostos e aquele sorriso falso ilude qualquer um que segue "o que há de mais atual" ou que acha que dinheiro compra sentimentos. Na minha posição de Susi eu só lamento, é muita futilidade. Não as invejo por possuirem carros, casas, várias amigas e um namorado que antes era Bob e agora é Ken, muito loiro e muito arrumadinho para o meu gosto. Prefiro que minhas amigas também tenham o mesmo nome que eu, que goste de coisas simples e prefiro que o Beto sempre seja Beto, moreno de maneira bem alternativa e bem discreto, não existem muitas imagens do Beto no google. Os olhos de Susi são vivos, tem cílios e uma verdade que pode ser tocada. Olhos de Barbies são pintados na própia borracha, sem brilho. Faz-me rir mulheres que cortam a própia carne pois preferem o aspecto da borracha... aposto que uma boneca Susi, feita de plástico, não sentiria inveja de nenhuma mulher feita de carne, as Susis se aceitam como são e mulheres que se sentem uma Susi também. Temos celulite, algumas estrias, peitos não tão empinados e não muito simétrico e comemos aquilo que temos vontade, mulher Susi não sabe o que é passar vontade. Vida e juventude andam juntas, Vida e experiência também e se você entende que o tempo é o melhor amigo de qualquer garota, posso ter a certeza que entenderão o que sinto. Ser livre para ser o que se é não são todas que conseguem ser.






Jordana Braz

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Ana Rosa

Hoje ri de um passado tão paulista que uma garota de interior gostaria ter, ri de mim mesma e de toda ilusão que tive. Não combina mais comigo toda aquela gente que fala sozinha, de terno e gravata ou pessoas tão européias mas de origem tropical, que negam o cabelo e a cultura brasileira. Eu apenas estava sentada no ônibus sentido Ana Rosa-Barra funda e me deparei na paulista, com tantos prédios e com tantas pessoas na calçada, bicicleta e carros e com única felicidade anunciada nos homens com pés sujos, dreads e barba. Não eram nenhum estudantes de biologia ou de humanas de universidade pública. Os homens de pés sujos até poderiam ter sido um destes, mas algo chamado sistema não quis, pois para Deus eles são tão iguais a mim. Deitados nos plásticos, fumando algo e vendo a vida passar, pelas pernas de executivos e pelo céu alternado claro/escuro todos os dias. Ninguém percebe que pra ser feliz basta viver? Deitar na rua, sem ter casa pra manter, família pra pensar e uma identidade para construir, os únicos que sabem viver nas grandes cidades são aqueles que fechamos os vidros e deixamos de lado nas nossas orações, além de ser o castigo por não estudar. Incrível, ri de mim mesma que não possuo um critério de felicidade comum, analiso aqueles que vejo mas não pontuo o lado bom de se eu mesma. E se perguntarem para mim quem é feliz, direi que é aquele que menos tem concreto e mais tem liberdade, simples. Respirar e distinguir os cheiros são as únicas condições humanas.




Jordana Braz

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Rascunho nº6

Chove uma chuva inédita para mim e ainda não consigo explicá-la, porém é doce a sensação de a olhar pela janela, sozinha dentro de um vagão de metrô vazio, algo inédito também; estou acostumada ver gente em todos os cantos do metrô, de qualquer estação. Quando desço do metrô, vejo muito mais gente e sigo contra a maré de pessoas atrasadas para um destino qualquer, seja trabaho, faculdade, família, amante... Tanta pressa precisa possuir um ponto de finitude. Dentre tanta gente, acelero os passos quando vejo no rosto de alguém, algum sinal de simpatia e por inúmeras vezes, meus passos são vencidos por uma sensação de ridicularização interna, perdeu a graça iludir-se com o acaso, desisto de ser eu mesma por algum momento. Confesso que tudo isso frustra, cansa ainda mais um rosto oleoso. O que resta é apenas comer algo, sem valor nutritivo mas com valor simbólico e calórico de suprir a necessidade de ter mais jeito com as pessoas. Eu não odeio, só não entendo as pessoas e para cada pessoa, um mini-pão de queijo eu mastigo. Óbvio que se fosse exatamente assim, eu teria que comer todos os pãozinhos de queijo já assados e os que estão no estoque de todas as barraquinhas de todas as estações de metrô de São Paulo. Eu não entendo Ser humano e ter humano até hoje é algo que me incomoda, possuir algo apenas para ocupar espaço, dispenso. É desgastante achar mais graça nas gotas da chuva na janela do que pela vida alheia. É muito frio o vento da indiferença e para mim, só me resta soprar e fazer de cada sopro um vento.








Jordana Braz

sábado, 18 de setembro de 2010

Esbórnia

É uma vontade, apenas, louca em todos os sentidos. Não é um desejo reprimido, os menudos não foram minha boy band favorita mas desde que sou gente, não me reprimo. Se sou assim calada perante as falas banais, falsos revolucionários e pessoas desta mesma laia, é algo inerente comigo. Vejo flores só naqueles que sinto como uma verdade não física, um estranho sentir que me toma raras vezes. Me sinto sozinha sim, não é fácil admitir isso, mas não me importo de verdade. Prefiro caminhar pelas margens de um rio seco sem ter o risco de precisar olhar para trás, para ver se alguém caiu e se ainda está no raso sem água. Caminhar só é triste, mas é mais simples. Tenho outras coisas na cabeça, me perco sempre em devaneios... Não sei mais o que me faz vontade, se são os meninos da filosofia ou cair numa esbórnia sem fim. Talvez um seja consequência do outro. E justo agora que me sinto tão adulta... não pretendo ser adúltera com quem me espera do outro lado da rua. Eu o vejo tão bonito e me sinto tão bem porque sei que caminhamos na beirada do mesmo rio seco mas ciente que somos cada um por si. A solidão dele me acalma e a minha juventude o seduz e como se ele fosse o mais velho dos homens do mundo, eu o vejo como um menino grande que precisa do meu colo. Homens serão sempre meninos, dado visto nos sorrisos em meio as barbas. Eu gosto assim e não vou reprimir essa vontade louca, pois não sei seu fundamento ao certo, mas vou respeitá-la como uma vontade que dá e passa. Eu vejo o sorriso dele para mim, não dá para magoar alguém que diz que eu sou sua menina mulher da pele preta, não dá! É estranha a sensação de saber que alguém te gosta com verdade e ao mesmo tempo, também gostar com verdade mas gostar da sensação de flertar com os demais. Isso nunca foi honesto até eu perceber que é algo mais confuso do que errado. Enfim, enquanto ele sorrir para mim, aqueles que me tentam serão só os caras de filosofia que são bonitos e só. O meu momento de felicidade tem nome simples e um belo sorriso.







Jordana Braz

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Vício em Tarot

Todas as dúvidas que possuo hoje, amenizo nas cartas de tarot. Não são nas cartas de papel, vejo meus conselhos pela tela do computador. Daqui uns anos, será sonora as cartas. É simples fazer conexão com o momento que passamos e a direção que as cartas mostram. Não entendi quando uma das cartas representava " saiba separar o joio do trigo", grande engano meu crer que já estava a fazer isso desde que percebi que a fé no outro, nunca pode ser cega. Pois bem, o que seria o joio e quem seria o trigo? Ou quem seria o joio e o que seria o trigo? Usando da sinceridade, não sei até agora mas posso interpretar que sempre haverá muito mais coisas atrás do além das coisas. Os afagos que recebo não serão tão positivos quanto a sensação de constrangimento que já senti e que irei sentir. A vergonha alheia nada mais é que uma ação insegura e sem jeito, que nunca funcionará como crítica e esta incrível que pareça, nunca será para derrubar. A zona de conforto fica desconfortável se não houver o lado "ruim'' das coisas. Demora para notar, mas um dia acabamos percebendo e tudo fica mais fácil de lidar. Crescer é muito mais uma questão de lógica de que sacrifício. Faz-me rir, mesmo que de modo sádico, notar que todos aqueles que tentaram me destruir, continuam os mesmos. Não por serem seres superiores, mas por serem seres medíocres. Foram os que me fizeram mais forte e são os únicos que continuam por alí, na zona de conforto criados por eles. Enquanto um dedo esticava para mim, quase meio punho indicava para eles. Discernir o que é implicância e o que é crítica chega ser simples, mas nunca da mesma maneira. O joio e o trigo parece ser mais cansativo, mas é simples... O universo nunca nos mostra nada daquilo que não podemos resolver, fácil ou difícil. E caso nosso lado vítima seja forte, rogar praga é a pior coisa, tudo que é leve é mais suscetível a evaporar mais rápido e depois disso, torna-se comum a todos, inclusive para quem rogou. O progresso é longo, pode demorar anos, mas é a vingança mais justa; A vingança é um prato que se come frio e esses ditados populares não são algo popular fútéis. Talvez este seja o joio da minha vida.






Jordana Braz

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

500 anos luz

Ele me gosta e me deseja como um bolo.
De todos os meus receios aos meus seios, ele gosta de mim!
Seu querubim? Não, não apenas isso, talvez eu seja seu marfim.
Talvez seu consolo... ah! meu tolo!

Imaginava-lhe a brilhar bem para lá, em quinhentos anos luz,
uma estrela como a minha que me toca em pingente,
no colo onde lhe espero para sempre, permanente.
E a cada gesto feito, um suspiro me traduz.

Somos tão velados um para o outro,
que não meço mãos e beijos em minha carne
Apenas sei que ele me olha em cada parte...
Tão sensatos olhos que me parte e faz da noite meu porto.

Ele me gosta da maneira mais doce mas tem o paladar para o amargo, assim como eu gosto da maneira mais amarga, mas tenho o paladar para o doce.






Jordana Braz

domingo, 1 de agosto de 2010

Ras

Das duas semanas que espero, uma já passou e acentuou mais todos os meus desgostos com a vida que vejo pelas janelas. Hipócritas paisagens, com máscaras feitas de carne e osso. Eu, por mim, não consigo ser mais forte, há uma resistência tão grande nas pessoas, nas suas roupas, nas suas músicas, no jeito que vivem a vida... Querer mudar o mundo, as pessoas... Não sou Jesus, não fundei igreja, ou seja, não quero e não sonho converter ninguém... Só gostaria de observar vidas mais sinceras. Gostaria de viver a minha apenas e saber que ela não será assunto em mesas de ninguém. Nas duas semanas que espero, o vazio não é completo, mas é um terço que eu sinto com saudade. Lacrimejam os olhos só de sentir. Um sentimento estranho que serve de base para a saudade, um gostar sem ser o normal de gostar de alguém. Talvez uma felicidade do saber que existe alguém: a lanterna para os meus caminhos com penumbra. Lanterna, lâmpada e bateria. O primeiro a ter agradecimentos depois dos meus. Não gosto de posses pois elas não ornam com minha liberdade, que já foi ferida pela falta de controle de sentimentos iludidos com contos e anedotas. Tantos, muitos e excessivos. Equilíbrio estou tomando em doses, troquei a cerveja por ele, me dará mais ânimo e menos barriga. Doses homeopáticas só das pessoas, devagar, preciso aprender a não temer aqueles que também são mortais. Uma parte do meu própio espelho, que me reflete como humano mas não como ser.






Jordana Braz

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Inferno astral

Caso ofereçam minha pele, não será por egoísmo que direi isto, mas não aceite. Talvez seja bonito olhar as marcas da minha pele mas não queira vesti-las, não queira entendê-las nem admira-las; se estão no corpo, não foi porque as quis. São meus filhos não planejados em plena adolescência, sendo eu hoje uma mulher e mãe de cinco filhos, contando com aquele que ainda está no ventre. Eu não canso de errar e o complicado é querer entender o motivo para os erros. Não culpo mais alguém, não exijo mais ninguém e do que eu preciso pode estar em algum além, que ainda não tive a coragem de levantar a sola do meu pé para iniciar o primeiro passo. Admitir covardia é tão fácil! Não queria apenas assumir, gostaria de arrumar toda a bagunça que está em mim e que eu mesma fiz. E em reflexão em cima de reflexão, me encontro em meu inferno astral, onde já queimei metade dos meus entes e igos por puro capricho baseado em uma intuição que só o ascendente em escorpião poderia me dar.








Jordana Braz

terça-feira, 29 de junho de 2010

Talvez francês

Como eu posso deixar sangrar?
Qual a maneira mais fácil de deixar todo esse sangue seco sumir da minha pele?
Talvez com música, talvez com poesia ou com a imensidão
que eu sei que existe mas nunca chega.

Se tristeza for contagiante, me deixe por aqui,
não quero ser mais o peso ou o motivo para nenhuma dor
que não seja a minha.

Você foi minha la belle de jour
de semanas tão frias e tão francesas que de trava-línguas eu me comunicava,
te adorava como jamais houvesse maior admiração do mundo.
Adoração que me veio e assim se vai,
mais uma vez, sem eu saber o porquê.




*La belle de Jour, canção de Alceu Valença.






Jordana Braz

domingo, 27 de junho de 2010

Acordando

Queria eu poder amar sem ter a sensibilidade e a intuição que não me freia. Queria que fosse certo mas é complicado, só atraio olhos claros. Não sei o que eles exergam em mim. Só queria ser feliz, mas olhos claros só me fizeram triste. O azul acinzentado é novo mas me lembra os olhos cor de mel muitas vezes, os olhos verdes pelo signo e o castanho claro na aparente ternura e em todos, eu perdi a paz completamente. E impulsiva, tento conter as certezas tão vagas na minha cabeça... só tento, não consigo. Vejo sempre um futuro tão bom que é dificil acreditar que será verdade; e nunca será. Há algo que sempre se perde quando começo a sorrir, talvez a vida não queira que eu sorria com o coração cheio, ela deseja que eu sorria por eu mesma ou escreva sobre minhas frustrações. É dificil assumir para si mesma que perder já faz parte do jogo, só depende de quantos dias demorará para ocorrer. Devo confessar a mim mesma que há uma coisa que não foi feita para mim? Talvez sim. Adiar sofrimento é a pior forma de sofrer, pois adiando, só se apega mais e quando é para dizer adeus, a dor é maior. Uma vida longa também é assim... Não sei, a cada dia eu me torno mais confusa, de lua, de marte e vênus. E com a boca cheia, só posso dizer uma coisa: como namorada, sou uma excelente amiga.






Jordana Braz

sexta-feira, 4 de junho de 2010

O ar

Vá! Me deixa ser feliz, me deixa respirar... Quero viver um pouco da vida que me resta. Minha vida. Me deixa explodir, me deixa morrer, sumir. Esvanecer naquilo que não sei, dentro de mim, fora do meu corpo... No universo. Eu já disse que quero ser feliz? Disse isso para mim, digo isso para você, para quem eu não conheço e para quem eu já conheci e que irei conhecer. Sei que a felicidade existe, só não sei onde mora. E se mora, está a me esperar com café e bolachas... aliás, café com bolo, café com leite e pão com manteiga na chapa... nada de pão com mortadela, croissant, pão italiano e tudo que faz o bolso esvaziar. A felicidade é tão simples, eu sei disso e por isso a quero tanto. Um rastro de felicidade está no sorriso da minha mãe, nos olhos do meu irmão, no abraço de quem me deseja de forma calada, nas mordidas do meu cachorro, na voz da Björk quando chega aos meus ouvidos, no vento que me arrepia a pele... A vida é uma fração da felicidade, viver cada dia é trilhar o seu caminho e o ápice talvez seja aquilo que muitos temem... deixar de ser matéria e ser parte do ar deve ser lindo. É quando nos tornamos essenciais, como o ar que a vida respira.






Jordana Braz

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Carneiro em pele de lobo

O inimigo bebeu da minha água. Não, o inimigo não só bebeu da minha água, ele já me olhou nos olhos, sorriu, me abraçou e aí sim, pediu para beber da minha água. Deixei, não sabia o quanto as pessoas são detestáveis, traiçoeiras, canalhas e ingratas. Em baixo de um sorriso largo, um elogio faustoso, mora o vácuo. Nunca temi tanto os elogios, nunca sei o quanto serão sinceros ou vazios. Não sei mais o que é a lealdade do outro, só sei da minha lealdade, castigada. E aqueles que sinto calor, começo sentir a maldade. Não era para ser assim, não acredito na minha própia espécie, não confio mais em quem um dia, chamei de amigo. Não permito mais esguios, não aceito mais anísios, não recebo mais amigos, não enfeito mais meu riso, não aceito mais pedidos... Não quero o sociável só para a convivência... Me mudo para um mundo tão meu, onde a vida é tão rápida que nem a vejo passar, onde apenas o sentir com a alma ganha mais forma do que o sentir com a pele; onde os cães são reis. Cães, realmente quanto mais conheço os humanos, mais invejo a conduta canina. Conduta, tão adulta, tão nula entre as pessoas nada boas e tão bobas que me sinto à toa quando soa a verdade. Eu vivo uma verdade, eu digo a verdade, mesmo sendo a minha e assumo o quanto me inibe quando a moeda de troca sentimental não é de ouro quanto a minha. Repudío a falsidade, me causa náuseas a dissimulação e ao contrário de muitos, sou um carneiro em pele de lobo. O que morde não são meus dentes, mas sim minha honestidade.







Jordana Braz

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Alfinetes

Não posso dormir, seja pelo cansaço ou pelo frio, não quero dormir. Existe uma maldade no ar que se dormir, inalo involuntariamente, tornando os sonhos em pesadelos e a noite em dias nublados, vazios. Acordada, me calo para não escapar toda instabilidade de dentro. Meus sentimentos são alfinetes caídos em chão liso e eu, não uso sapatos. Nem sandálias, nem meias. Meus pés são nus em chão liso com alfinetes espalhados, por todo canto. Sentimentos são alfinetes, mas alguns os mantém na caixa e usam apenas quando necessários e outros, calçam sapatos. Não sei o que é ser organizada. Vejo vidas tão planejadas, tão perfeitas, que ao sentir a minha, é só um sentir. Sentir... ô palavra que só tem sentido para mim! Meus calafrios sempre indicam perigo. Eu sinto muito mais que vivo, não vivo paixões, eu sinto paixão. E não vejo mais a culpa só naqueles que julguei filhos de rapariga um dia, a mais filha da puta sou eu, que dei moral para pessoas que não queriam. Um enfiar intensidade garganta à baixo de pessoas sem garganta, lástima. Reaprendo sempre que a diversidade é uma característica desse mundo. Enquantos uns dormem, coleciono olheiras e furos nos pés. Que meu sono chegue quando realmente for necessário.








Jordana Braz

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Calçado bordô

O cabelo mais lindo é o de Lucinda, sim, não há quem não resiste em tocar em seus cabelos crespos. Ela desfila com tanta leveza sobre suas sapatilhas bordô, segura a saia para que não voe e deixe à mostra seus pares de coxas, morenas. Charme que ela imita de musas em preto e branco em plena década de cores, Lucinda transmite cores pelo sorriso, cores de Carmem Miranda, mas se define como alguém sem cor, monocromática. Há algo por trás de tanta confiança, que não seja uma confiança em terra. Nela existe uma timidez velada , cores falsas, uma fala baixa que seduz mas gaguejada por vezes e Lucinda é uma farsa. Um mito de mulher segura que por fora é dengosa mas em casa, passa noites sozinhas, com a boca comendo para engolir frustrações. Que diacho de mulher boba, seria mais fácil assumir que é uma perfeita Loser, beirando os 24 anos e que ainda sente medo do não, seja ouvido ou falado para ela e por ela. Uma desiludida consciente, não vê graça em mãos dadas, não entende planos de vida e só segue porque acorda sempre viva. Lucinda é uma grande mentira, menina. As portas sempre se fecharão e para ela, só restarão as janelas. E que ela seja esperta e não fique só olhando para baixo e para os lados. Caso precisar, desejo que pule. O que vale é que ela não seja sua própia mentira. Lucinda é tão bonita que poderia ter noites mais febris, com homens mais gentis e com ela mais feliz. Ela é um universo tão único quanto qualquer um, deveria viver e deixar acesa sua verdade. Queria eu um dia parar Lucinda pela rua e dizer:" Lucinda, desmascare o conceito que você possui de felicidade. Não saia com alguém por pena, no final será você a digna de pena. Não invente fórmula que irá mudar as coisas, tudo é como deve ser e a mutante só será você. Guarde seus sonhos só pra si e se permita apenas acreditar naquilo que te toque, na pele ou na alma. Seja você, Lucinda, sua única amiga, não finja só segurança, acredite que o amor só existe se for de mãe e o própio. Não engane o mundo só porque crê que a vida é só feita de mentira, sua desilusão são com pessoas, mas não com todas que vivem por aí... no mundo. Haverá sempre alguém no mundo que vai te adorar não apenas pelo seu cabelo, mas também pela sua monocromia como ser. Agora continue seu trajeto com seu calçado bordô". Num fim de tarde qualquer, onde a mente pede bar e o corpo pede cama, eu a paro só para dizer isso.






Jordana Braz

sábado, 17 de abril de 2010

O sabiá Albino

É quando a admiração se vai, que me arrepia a instabilidade de não ser a rainha do mundo; onde eu teria o homem que eu quisesse. Homem... como a heterosexualidade começa a me enojar, não ser heterosexual, mas as relações heterosexuais em geral. Como é dificil ser mulher na relação, como destrói os sentimentos tentar ser o homem da relação. Eu já não sei o que ou quem eu devo ser! Vejo cores onde é somente cinza, o homem bom é aquele que eu ainda não beijei e me torno cada vez mais amarga por não conseguir me relacionar com ninguém... Ou bem, se eu não fosse mulher, diria que deixaria de ser instável afetivamente se me relacionasse com mulheres. Mulheres são de alma, mulheres têm inveja e não mentem que não as têm... Mulheres são tão especiais, algumas, que me sentiria envergonhada se magoasse uma, não sei, não é legal se tornar homosexual por conveniência ou por um egoismo de não querer sofrer mais. Meu defeito é não conseguir usar ninguém e descartar assim, sem mais sem menos. Uma das piores coisas que já fiz, foi querer tentar ficar com alguém, sem motivo nenhum; dá uma ressaca moral, é como um aborto de sentimentos tão meus. Me sinto como um sabiá albino, que é lindo por ser raro, para ser estudado e catalogado, mas que entre os própios sábias, é uma aberração, que nasceu sozinho e que na vida, voará solitário sem saber o porque.






Jordana Braz

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Bilhete para mamãe

Mãe, não lhe agrada a vida que leva aquela sua filha, eu sei. A garotinha que pedia colo e era tão malcriada, cresceu. Infelizmente, pra ela, pois seria muito mais fácil ter seu pequenino colo sempre por perto e o seu jeito de resolver problemas sem deixar que a culpa caisse sobre ela. A garotinha, sua filha, descobriu que tem uma excelente vida e que boa parte dessa excelente vida é graças a você : uma mulher pequena e gordinha que age e tem dentro de si, um gigante. Nem sua filha, grande filha, possui gigante semelhante ao seu. Admirável ventre que a pôs neste mundo, honra de possuir uma vida plena mas que se descobriu a pessoa mais triste de que se tem história... Sua filha se descobriu tensa, inquieta e mórbida e isso mãe, não é culpa sua, talvez nem culpa dela, ela nasceu assim; e se ela fica pelas ruas, parece triste em fotos e seu humor oscila mesmo sem estar em TPM, é que há coisas que nem ela explica. Suas roupas não lhe agrada Mãe, mas são roupas tão delas... As juventudes sempre discordam, a sua zomba da minha vida e a minha não entende os absurdos da sua... Enfim, a vida é assim e não se preocupe que tudo um dia passa.
É uma fase, tudo ficará bem.






Jordana Braz

domingo, 28 de março de 2010

De Vênus para Marte

Do meu ventre, do meu seio,
o valor de ser mulher eu tenho.
Lento, como crescem meus cabelos crespos
e menos breve como cheiro de livro em sebo, amo.
Ser previsível é o defeito que de todos, contento
e tento não arrepender de escolhas assim, amores.
Dores que carrego por não querer família,
não ter malícia, não ser patrícia e alguém com uma mesma cara;
Sem vergonha de assumir que tem tara, que não mascara
que quando cansa, não pára
E dilata cada vez mais um espaço que não tem nome
Nem sobrenome
Mas que soa frio pela ausência
pela fraqueza
pela tristeza de ser tudo que o diabo gosta
pela aposta de não sonhar, não procurar, não desejar ter uma vida comum
Ser mulher comum, de cabelo editado, de passos dados
em ritmo de dança que não existe condutora.
Doutora em frustrações, sou eu
Que faz e desfaz ensaios femininos lúdicos
únicos, com alguém oposto
Próximo a mim
tão meu assim.





Jordana Braz

sábado, 20 de março de 2010

Todo Sempre

Seguindo imagens que não decifro, eu sinto. Não tem como explicar aquilo que sabemos o que é mas não de uma maneira comum, de um jeito que não dê angústia e que não pareça prepotente; defeito comum entre aqueles que possuem o pensar como qualidade. O que será de mim algum dia, só lá eu saberei... enquanto isso, sigo. Acredito que aquele alguém talvez não chegue ou se um dia chegar, estarei tão cansada que capaz que não perceba que a felicidade me sorriu finalmente. Sou alguém velho. Sinto uma idade que não condiz com alguém que nasceu em 1986. Observo minha pessoa eufórica para um novo dia amanhecer e triste pois assim será para um todo sempre, no qual sei que não existe. Mas, quem existe nessa terra? Existir é tão relativo que muitas vezes, só existe aquilo que vejo... E isso é tão medíocre pois o mundo é bem maior que meu umbigo e minha vida apenas é uma micro parte do universo. Existir é mais uma questão de necessidade do que sentido, não sentimento. Quero a plenitude de uma vida plana e a força de uma vida plena, clara, que quando começar a escurecer, verei todas as cores camufladas nela.







Jordana Braz

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Nariz de Elis Regina

De coração vazio, digo que o mundo é cruel com aqueles que amam demais, como um dia eu amei. São feitos vítimas de si mesmos, não sabem como perder um sentimento própio, não do outro como sempre pensam. Amar é um engano, são momentos que viram um singular e quem nasce intenso, vive até o ultimo grão. O cheiro evapora da pele que descama após longo tempo sob o sol e que no próximo verão, estará sob o mesmo sol, de pele nova. Amor é assim, passa e eu sinto o quanto fria estou; não choro mais nem sinto comoção pelo fim de alguém. Já tive tantos fins e recomeços que sei que o que aconteceu comigo, será o que acontecerá com o outro. São ciclos que são os mesmos mas só mudam os personagens. Triste ou não, a intensidade é que comanda a vida e eu aqui estou, com meu nariz de Elis Regina.






Jordana Braz

domingo, 31 de janeiro de 2010

Superação

Nessa imensidão que é o universo, o que sou eu? Poeira que acredita ter vida, poeira que apenas tem fé num mistério que é Deus. Eu chamo de Deus e ele existe. Não soube qual o gosto da óstia pois catecismo não fiz, sei rezar Ave Maria pois minha mãe também é Maria e das imagens santas, me trazem as lembranças das avós. Mas sei que para chegar naquilo que é o grandioso mistério, capelas e templos não são necessários, já que o corpo é o verdadeiro templo e a consciencia o único pastor. Eu acredito que o único bem que possuo é a fé, que me faz recomeçar de onde não há nada, é aquilo me sorri com a mão estendida quando estou no chão, é aquilo que motiva á seguir mesmo não tendo a noção do que terá na frente. É o crer mais humano , é o ser mais ateu e no fim perceber que da vida, tudo valeu a pena. O rancor que acumulou, queima. A felicidade que contagia, passa. O que fica apenas é a marca da superação.






Jordana Braz

sábado, 23 de janeiro de 2010

Segunda chance

Um dia posso ter esboçado uma compaixão. Vi que por mais tranquila que minha mente estivesse, o olhar no rosto e dizer bom dia ainda me amendrontava. É ruim olhar para aqueles que já lhe fizeram ter um espinho encravado no peito, algum dia, e sempre que achamos que já passou, volta aquele sentimento. Nada muda. É um perdão que traz paz para a mente mas amedronta o olhar. Talvez a vida seja visual, até mesmo para os cegos que possuem os olhos da alma, o que considero o verdadeiro olhar. Esses mesmos olhos que enxergaram sua insconstância à distância. O papel de carta possui no email seu espelho em outra época e todos aqueles bilhetinhos amassados deixaram para os recados offline no msn e scraps, toda carga sentimental e a sensibilidade de perceber pela letra, o tom de voz. Uma segunda chance foi tão iluminada para um poço tão pequeno, que clareou demais ao ponto de perceber o quanto eu te sinto. Me incomoda saber que não te tiro mais o sono, que o seu vazio de gostar demais não foi provocado por mim. Escuto suas lamúrias como uma amiga que já passou por isso e me calo para não ouvir de dentro que o meu vazio era pela sua falta. Homem, você não sabe o quanto eu te amo! Já te joguei às margens do que existe de cruel, canalha, puto... Já te odiei com a força de alguém que ainda tem esperança e talvez, a compaixão tenha vindo disso. Te percebo com seu mau-humor diário, com a inconstância do seu signo, cedo uma parte minha que fica latente ao seu nome e que cai na realidade quando percebe que você ainda é o mesmo, só que com outra. Eu aceito isso como algo natural da vida, não como minha verdade. Estarei sempre amarrando a minha verdade, pois ela soa ilegal por tanta honestidade. Uma obsessão que beirou à insanidade. Não vou colocar a perder o muro que construi com tanto zelo e cimento, agora.








Jordana Braz

domingo, 17 de janeiro de 2010

Mono

De fora parece morbidez, mas aqui dentro é apenas um suplício de que tudo mudará. Tantas vezes morri e nasci numa mesma vida na qual acordo com a mesma cara, o mesmo nome e a mesma mãe. Sou eu o tempo inteiro renascendo em cima da minha própria história. Nunca quis ser outro alguém, não quero pensar uma vida que não seja a minha, não mais! Meu passado está lá atrás... comigo ainda te sentindo entre meus rins... E quando me pego pensando nisso, eu parto devagar da pessoa que sou hoje; sem as neuras de alguém que não sabe perder. Pirei sozinha muitas noites com o fato de não ser mais seu par. Te via como meu dono e eu como a única pessoa que lhe faria feliz por ser submissa. Meu humor era outro quando pensava no dia que teria alguém no lugar que eu acreditei que seria sempre meu... Não quis que outros olhos vissem você sentindo prazer. Nunca quis que outro alguém tivesse o gosto do seu sexo. O seu cheiro ainda esteve em mim no Natal, Carnaval e todas as datas que fomos muito felizes. O meu mundo já foi você e eu e seria assim sempre... E hoje acho graça de tudo isso. 'Você nasceu para mim'... Rá! mero engano! A pior coisa desse mundo é pensar em mono: monogâmicamente.





Jordana Braz

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Olhos sobre a janela

Resolvi que não quero passar meus dias sentada em uma cadeira de praia, em meio a um piso de garagem, olhando o movimento da rua. Não quero. Não quero esperar a eternidade dessa maneira. Quero saber que lutei até o fim, com o poder da vida como escudo. Resolvi que ainda em tempo, quero amar cada dia mais, não vou deixar de sentir paixão ou o vazio de um caso no fim. Quero ser quem da vida mais coloriu, quem na vida mais mergulhou dentro de si e viu como tudo aqui é efêmero. Redundante para quem ama arte é dizer que a vida é rápida. Cauteloso para os supersticiosos os sinais que o tempo trás; da arte e dos sinais eu só sei de mim. Quero ser todos os meus momentos vividos, toda a glória e todo o dom que Deus me deu. Percebi que não temo o que parece ser o fim, pois vejo como continuidade. A paz de uma vida plena, eu busco e não quis escrever sobre o risco aparente que envolve a vida ou o risco que envolve ainda uma vida sem uma vida propriamente dita. Morrer se faz presente a cada piscar de olhos; a cada contagem de segundo, tão sozinha quando tudo parece escurecer, tão universal quando tudo se torna luz. E o que se deixa é o que foi feito e o que se leva são todas as emoções sentidas; o sentir é o grande privilégio do ser humano.







Jordana Braz