domingo, 31 de janeiro de 2010

Superação

Nessa imensidão que é o universo, o que sou eu? Poeira que acredita ter vida, poeira que apenas tem fé num mistério que é Deus. Eu chamo de Deus e ele existe. Não soube qual o gosto da óstia pois catecismo não fiz, sei rezar Ave Maria pois minha mãe também é Maria e das imagens santas, me trazem as lembranças das avós. Mas sei que para chegar naquilo que é o grandioso mistério, capelas e templos não são necessários, já que o corpo é o verdadeiro templo e a consciencia o único pastor. Eu acredito que o único bem que possuo é a fé, que me faz recomeçar de onde não há nada, é aquilo me sorri com a mão estendida quando estou no chão, é aquilo que motiva á seguir mesmo não tendo a noção do que terá na frente. É o crer mais humano , é o ser mais ateu e no fim perceber que da vida, tudo valeu a pena. O rancor que acumulou, queima. A felicidade que contagia, passa. O que fica apenas é a marca da superação.






Jordana Braz

sábado, 23 de janeiro de 2010

Segunda chance

Um dia posso ter esboçado uma compaixão. Vi que por mais tranquila que minha mente estivesse, o olhar no rosto e dizer bom dia ainda me amendrontava. É ruim olhar para aqueles que já lhe fizeram ter um espinho encravado no peito, algum dia, e sempre que achamos que já passou, volta aquele sentimento. Nada muda. É um perdão que traz paz para a mente mas amedronta o olhar. Talvez a vida seja visual, até mesmo para os cegos que possuem os olhos da alma, o que considero o verdadeiro olhar. Esses mesmos olhos que enxergaram sua insconstância à distância. O papel de carta possui no email seu espelho em outra época e todos aqueles bilhetinhos amassados deixaram para os recados offline no msn e scraps, toda carga sentimental e a sensibilidade de perceber pela letra, o tom de voz. Uma segunda chance foi tão iluminada para um poço tão pequeno, que clareou demais ao ponto de perceber o quanto eu te sinto. Me incomoda saber que não te tiro mais o sono, que o seu vazio de gostar demais não foi provocado por mim. Escuto suas lamúrias como uma amiga que já passou por isso e me calo para não ouvir de dentro que o meu vazio era pela sua falta. Homem, você não sabe o quanto eu te amo! Já te joguei às margens do que existe de cruel, canalha, puto... Já te odiei com a força de alguém que ainda tem esperança e talvez, a compaixão tenha vindo disso. Te percebo com seu mau-humor diário, com a inconstância do seu signo, cedo uma parte minha que fica latente ao seu nome e que cai na realidade quando percebe que você ainda é o mesmo, só que com outra. Eu aceito isso como algo natural da vida, não como minha verdade. Estarei sempre amarrando a minha verdade, pois ela soa ilegal por tanta honestidade. Uma obsessão que beirou à insanidade. Não vou colocar a perder o muro que construi com tanto zelo e cimento, agora.








Jordana Braz

domingo, 17 de janeiro de 2010

Mono

De fora parece morbidez, mas aqui dentro é apenas um suplício de que tudo mudará. Tantas vezes morri e nasci numa mesma vida na qual acordo com a mesma cara, o mesmo nome e a mesma mãe. Sou eu o tempo inteiro renascendo em cima da minha própria história. Nunca quis ser outro alguém, não quero pensar uma vida que não seja a minha, não mais! Meu passado está lá atrás... comigo ainda te sentindo entre meus rins... E quando me pego pensando nisso, eu parto devagar da pessoa que sou hoje; sem as neuras de alguém que não sabe perder. Pirei sozinha muitas noites com o fato de não ser mais seu par. Te via como meu dono e eu como a única pessoa que lhe faria feliz por ser submissa. Meu humor era outro quando pensava no dia que teria alguém no lugar que eu acreditei que seria sempre meu... Não quis que outros olhos vissem você sentindo prazer. Nunca quis que outro alguém tivesse o gosto do seu sexo. O seu cheiro ainda esteve em mim no Natal, Carnaval e todas as datas que fomos muito felizes. O meu mundo já foi você e eu e seria assim sempre... E hoje acho graça de tudo isso. 'Você nasceu para mim'... Rá! mero engano! A pior coisa desse mundo é pensar em mono: monogâmicamente.





Jordana Braz

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Olhos sobre a janela

Resolvi que não quero passar meus dias sentada em uma cadeira de praia, em meio a um piso de garagem, olhando o movimento da rua. Não quero. Não quero esperar a eternidade dessa maneira. Quero saber que lutei até o fim, com o poder da vida como escudo. Resolvi que ainda em tempo, quero amar cada dia mais, não vou deixar de sentir paixão ou o vazio de um caso no fim. Quero ser quem da vida mais coloriu, quem na vida mais mergulhou dentro de si e viu como tudo aqui é efêmero. Redundante para quem ama arte é dizer que a vida é rápida. Cauteloso para os supersticiosos os sinais que o tempo trás; da arte e dos sinais eu só sei de mim. Quero ser todos os meus momentos vividos, toda a glória e todo o dom que Deus me deu. Percebi que não temo o que parece ser o fim, pois vejo como continuidade. A paz de uma vida plena, eu busco e não quis escrever sobre o risco aparente que envolve a vida ou o risco que envolve ainda uma vida sem uma vida propriamente dita. Morrer se faz presente a cada piscar de olhos; a cada contagem de segundo, tão sozinha quando tudo parece escurecer, tão universal quando tudo se torna luz. E o que se deixa é o que foi feito e o que se leva são todas as emoções sentidas; o sentir é o grande privilégio do ser humano.







Jordana Braz