quarta-feira, 5 de maio de 2010

Alfinetes

Não posso dormir, seja pelo cansaço ou pelo frio, não quero dormir. Existe uma maldade no ar que se dormir, inalo involuntariamente, tornando os sonhos em pesadelos e a noite em dias nublados, vazios. Acordada, me calo para não escapar toda instabilidade de dentro. Meus sentimentos são alfinetes caídos em chão liso e eu, não uso sapatos. Nem sandálias, nem meias. Meus pés são nus em chão liso com alfinetes espalhados, por todo canto. Sentimentos são alfinetes, mas alguns os mantém na caixa e usam apenas quando necessários e outros, calçam sapatos. Não sei o que é ser organizada. Vejo vidas tão planejadas, tão perfeitas, que ao sentir a minha, é só um sentir. Sentir... ô palavra que só tem sentido para mim! Meus calafrios sempre indicam perigo. Eu sinto muito mais que vivo, não vivo paixões, eu sinto paixão. E não vejo mais a culpa só naqueles que julguei filhos de rapariga um dia, a mais filha da puta sou eu, que dei moral para pessoas que não queriam. Um enfiar intensidade garganta à baixo de pessoas sem garganta, lástima. Reaprendo sempre que a diversidade é uma característica desse mundo. Enquantos uns dormem, coleciono olheiras e furos nos pés. Que meu sono chegue quando realmente for necessário.








Jordana Braz

2 comentários:

Priscilla Castro disse...

Não é bom colecionar expectativas...
a gente acaba furando mto mais os pés do que deveria!

ótimo texto.
bjos!

Che.r.ry disse...

achei seu blog muito interesante.
ando péssima para comentários em posts alheios e me desculpo por isso, mas com certeza voltarei a bisbilhotar seu blog! =]

bjo