segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Eu sou mais alternativo que você

Vestidos longos, jeitão meio hippie, bigode, cabelo cacheado, frenquentar lugares sem apelo comercial, filhos, listras, chinelos, facul pública, barba, vegetarianismo, veganismo, unhas vermelhas, unhas neutras e eu sou mais alternativo que você! É fato, minha patota é o lado B da sociedade. Que legal, somos filhos de classe média, pais esforçados e trabalhamos porque queremos independência em uma cidade grande. É legal, repito, mas está me saturando. Sei lá, já cansou tudo isso, talvez agora seja bonito o estilo e combine com meu biotipo, talvez eu não sinta que eu seja o lado B. Não digo isso porque acredito ou sinto, mas digo que é pelo o que vejo, é legal ser alternativo para os outros e muitos não são a diferença. Papo cabeça sempre me desgastaram muito, não sei ser cult mesmo que meus filmes favoritos sejam filmes do Kubrick e Martin Scorsese. Escuto bandas moderninhas e velharias, mas na boa, apenas escuto porque gosto, não quero entrar em discussões sobre quem foi o cara mais politizado da música. Fotografo porque amo, não quero ser o novo Sebastião Salgado e nem pretendo fazer super ensaios estilo David Lachapelle ou Annie Leibovitz. Eu apenas quero ser eu, eu sou eu! Mesmo que eu conviva com todo o clichê de filhos de classe média, me sinto um peixe fora d'água. As falas bonitas deles nunca me impressionam nem como a maneira como eles bolam um baseado, o cheiro sempre impreguina no meu cabelo. Cansa, cansa muito saber que não existem pessoas realmente interessantes pelos lugares onde percorro diariamente, cansei de ver genialidade apenas em cortes de cabelos diferentes e looks estranhamente belos. Quero me apaixonar pela individualidade, não pelo coletivo. As coisas precisam fazer sentido para mim. Rebeldes sem causa são todos mas causas com rebeldes é o que o mundo precisa e eu também. São todos artistas, filósofos, sociólogos, fotógrafos, atendente de alguma livraria e assim por aí! Soa tudo tão falso... parecem livres mas não são. Alguns, já na meia idade, parecem tristes pois foram iludidos por ideais que só são válidos enquanto os 25 anos não chega, após isso, a vida é dura. Não existe mais desculpas para sonhos que serão apenas sonhos. A vida precisa de praticidade, sonhar é bom mas que sejam sonhos possíveis e frustrações não devem ser roteiros para a vida. As pessoas nunca olham ao redor para perceber que estamos para ser alguém e que nossa maneira de ser seja algo útil para o meio. Se for para ser legal, seja para você e não para querer ganhar respeito ou para apenas fingir ser ' contra o sistema', você já está incluso nele.




Jordana Braz

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