sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Salto alto

O que passou sobre a ladeira eram apenas pés calçados sob um coração que não imaginava que mais acima, na cabeça, a mente divagava sobre o próprio coração. Não, não era sobre o coração; eram apenas divagações, já que minutos seguintes, assim que os pés calçados pararam, haveria algo, uma surpresa, que até então, possui adjetivo à combinar. Surpresas são surpresas em qualquer parte do planeta e assim como os pés e ladeiras, o folêgo some a cada passo, caso o corpo não esteja preparado para uma subida qualquer... Nunca será cem porcento, por mais que a autoconfiança substime uma característica humana, como a razão ou o medo. A ladeira foi caminho para pés calçados como o meu, com outros pés calçados. Pés calçados serão pés e calçados em qualquer parte do mundo mas talvez, dependa do sapato e há diferença quando se veste o primeiro salto agulha para um outro próximo. O primeiro salto agulha, coitado, é sempre o culpado quando aperta os pés, tombos e seus devidos machucados são resultados do pobre salto que nada mais foi um grande mestre; com o próximo salto o cuidado aparece, tanto na escolha do salto quanto na maneira como deve-se andar com ele. E quando pelas ruas o andar fica belo aos olhos dos homens e inspirador aos das mulheres, a lembrança do primeiro salto vem em forma de saudade sem motivo, daquela que lacrimeja os olhos e faz saltar pela boca baixinho " Ah meu primeiro sapato de salto alto..." e quando salta, não será tombos, vexames e cicatrizes dos vexaminosos tombos que trará a sensação de como foi o dia da compra do salto e da primeira vez que o vestiu; a sensação toma conta do presente no presente mesmo sendo do passado, onde mora para sempre porque Deus quis assim. "O que passou, passou" como diz o já idoso ditado popular. E deixando os sapatos e ladeiras de lado e vestindo os papéis de pessoas na história, sentir saudade sem motivos de alguém que já foi seu é normal. Não há amor, não há tesão em voltar com uma história bem ou mal encerrada, há somente saudade. É confuso como uma boca difere totalmente de outra: uma havia uma saudade quilometricamente apaixonada com outra que tem no cotidiano, uma saudade de metros... São tão diferentes em gostos e presença no tempo, já que uma é passado e a outra é presente, uma está aqui e a outra sabe lá por onde beija agora... Quem sabe! E será que há saudades da boca que nasceu comigo? Sabe-se lá, não importa! Apenas chorei pois percebi que o futuro chegou, tenho um novo salto que ainda laceio com mais cuidado. Não quero ter mais um salto quebrado e quanto ao meu primeiro salto alto, não existe mais, mas se mantém intacto na memória, na saudade.



Jordana Braz

Um comentário:

Jose Ramon Santana Vazquez disse...

…del
jardin
de
la
esperanza
he
cogido
una
flor
ella
es
hoy
otoño
y
te
doy
mis
saludos
con
su
color…

TE SIGO TU BELLO BLOG :

ANTIGA ASTUCIA



desde mis HORAS ROTAS
Y

AULA DE PAZ


afectuosamente ., vuestro amigo :


jose
ramon …